Nunca tinha assistido um
Festival de Musica Popular Brasileira do começo ao fim. Os da Era dos
Festivais, segundo Zuza Homem de Mello, em livro Homônimo, era muito criança,
me lembro de relancem de um Jair cantando Disparada ou Elis o seu Arrastão. O
Abertura da Globo em 1975, não assisti nada. Fui ter contato com aqueles tempos
de ouro, em discos e mais tarde livros e revistas.
Mas dos Festivais que
ocorreram após 1972, data final para o tempo da MPB nestes certames
revolucionários, o que mais se aproximou dos primórdios, foi a da extinta TV
Tupi, famoso canal 4 UHF. A Tupi, era do conglomerado das Emissoras Associadas,
ligada a família de Assis Chateaubriand. Poderoso Chatô, como era conhecido por
amigos e inimigos. Alias estes últimos é o que mais colecionou o General das
Comunicações no Brasil, entre as décadas de 1940 a 1970.
Enfrentou o Estado Novo de Getúlio,
fez depois acordo com o Ditador. Participou ativamente da construção da
História da Televisão Brasileira. A Tupi foi a pioneira e este pioneirismo,
desencadeou até a sua dissolução, no mesmo ano do Festival. Foi ela que lançou
a primeira novela com texto nacional e com um roteiro da atualidade. Ela
concentrou os maiores artistas da música, do teatro, do cinema e do Jornalismo.
São famosas as produções como Flavio Cavalcanti, Almoço com as estrelas,
novelas como Beto Rockfeler, Ídolo de Pano e outras.
Mas o enfrentamento a
Ditadura Militar, no caso Globo/Time Life, deu inicio a sua derrocada, aliado a
morte de Chatô e a dificuldade dos filhos em se entenderem para administrar a
TV e o Império. Problemas constantes com a censura, incêndios criminosos, fuga
de anunciantes e dividas, foram aos poucos decretando o fim de uma emissora que
fez História. Eu não trocava a Tupi pela Globo.
O Festival de 1979, surgia
como uma luz no fim do túnel, uma tentativa de ressuscitar a emissora. A época
era propicia, Abertura política, era possível, fazer um Show de Música aliando
Novos Talentos e velhos nomes de Festivais. Só para ficar em três exemplos:
Jorge Bem Jor escreveu Dona Culpa Ficou Solteira e Caetano Veloso a defendeu.
Gilberto Gil lançou Palco, interpretado por A Cor do Som. Clic e ouça Dona
Culpa: http://migre.me/g1UpQ .
Entre os Novos, em um
Festival vencido por Fagner com Quem me levará sou Eu, o carioca radicado na
época em Brasília Oswaldo Montenegro. Autor de trilhas para teatro e cinema,
Oswaldo embalou minha juventude. Bandolins ficou em terceiro lugar e inaugurou
um estilo de música de resgate da tradição celta da idade média na obra de
Montenegro. Bandolins, mostra pela primeira vez o uso do instrumento em um
Festival da canção. A valsa teve a interpretação do autor e de Zé Alexandre,
que já esteve em Limeira em nossos Festivais. Uma letra singela fala de dança e
de amor. Clic e se delicie: http://migre.me/g1UwQ
.
Bandolins
Como fosse um par que
Nessa valsa triste
Se desenvolvesse
Ao som dos bandolins
Nessa valsa triste
Se desenvolvesse
Ao som dos bandolins
E como não,
E por que não dizer
Que o mundo respirava mais
Se ela apertava assim?
Seu colo como
Se não fosse um tempo
Em que já fosse impróprio
Se dançar assim
E por que não dizer
Que o mundo respirava mais
Se ela apertava assim?
Seu colo como
Se não fosse um tempo
Em que já fosse impróprio
Se dançar assim
Ela teimou e enfrentou
O mundo
Se rodopiando ao som
Dos bandolins
O mundo
Se rodopiando ao som
Dos bandolins
Como fosse um lar
Seu corpo à valsa triste
Iluminava e à noite
Caminhava assim
Seu corpo à valsa triste
Iluminava e à noite
Caminhava assim
E como um par
O vento e a madrugada
Iluminavam à fada
Do meu botequim
O vento e a madrugada
Iluminavam à fada
Do meu botequim
Valsando como valsa
Uma criança
Que entra na roda
A noite tá no fim
Uma criança
Que entra na roda
A noite tá no fim
Ela valsando
Só na madrugada
Se julgando amada
Ao som dos bandolins...
Só na madrugada
Se julgando amada
Ao som dos bandolins...
(Repetir a letra 3x)
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