Não assisti, o filme de
qualidade Globo, De Pai para Filho, que foi mini serie da emissora e depois
para telona. Não vi por dois motivos: preguiça de ver algo produzido pela
globo, quando o tema é uma biografia. Segundo má vontade, com a globo, porque
ele distorce Histórias, faz de acordo com seu editorial ideológico. Fez isto,
com Olga, com Cazuza e tantos outros. Aí procuro evitar as produções globais,
pelo menos no cinema. Nas telenovelas eles são show. Contraditório né,
dialético não é fácil.
O fato também, é que
Gonzagão e Gonzaguinha, representaram na vida, a negação e ao mesmo tempo a síntese
dialética. O Rei do Baião fez escola. Introduziu no sudeste maravilha, o som do
Nordeste, o Baião o xote, o forró. Seu som influenciou não só há muitos tocarem
sanfona, mas mostraram ao mundo o Nordestino e sua sina, a seca, a fome e os
Coronéis.
O filho fruto de um caso do
Rei do Baião com uma cantora e dançarina de boates do Rio de Janeiro, também fez
escola. O samba, o Baião e a Bossa Nova, misturada a uma linguagem que também denunciava
as agruras do Capitalismo e em especial a Ditadura Militar. Mas no que eles
divergiam. O primeiro era de Direita, via nos Coronéis os únicos capazes de
cuidar dos Sertanejos, queria manter os pobres comendo, mas não libertos, O
segundo, de esquerda, queria Revolução, destruir o sistema, queria Liberdade e
Paz.
Gosto musicalmente dos dois
e não tenho nenhum rancor do velho Lua. Penso que era um equivocado, um
humanista. Alguém que não via saída para os pobres, e então melhor o remendo.
Gonzaga Jr., um de meus ídolos, iniciou disputando Festivais e sempre com
canções de Protesto. Foi perseguido pela Ditadura e sua Censura as Artes. O
Dops no calcanhar, tendo que se apresentar constantemente e a Dona Solange,
como intitulava Tom Zé a Censura, cortou 54 canções de Gonzaguinha.
Revolucionou o mundo das
Artes. Em 1975, dispensou empresário, é um dos fundadores da SOMBRAS, entidade
de defesa dos Direitos Autorais e foi um dos primeiros Artistas a serem
independentes de grandes gravadoras. Fundou seu próprio selo MOLEQUE. Gravou 18
discos na carreira. Teve vários sucessos seus gravados por Maria Bethânia
(Explode Coração), Simone (Sangrando), Elis Regina (Redescobrir), Fagner
(Guerreiro Menino) entre tantos.
Galope, encontrei uma
fitinha cassete, nos idos de 1977. Era uma coletânea de MPB. A Gravação é do
extraordinário MPB4. Mas a canção esta no segundo LP de Gonzaguinha, Luiz
Gonzaga Júnior de 1974. Uma música que une o ritmo do sul maravilha com raízes
nordestinas. Uma letra em homenagem ao Baião, mas que narra a História de um
cabra (Cangaceiro ou sertanejo), linguagem cifrada, uma das primeiras criticas
ao regime. Clic aqui e ouça a versão com o MPB4: http://migre.me/g18CY
.
Galope
O galope só e bom quando é a
beira mar
O galope só é bom quando se pode amar
Esse mote só é bom bem livre de cantar
Falar em morte só e bom quando é pra banda de lá
O galope só é bom quando se pode amar
Esse mote só é bom bem livre de cantar
Falar em morte só e bom quando é pra banda de lá
É sacode a poeira
Imbalança, imbalança, imbalança, imbalança
Imbalança, imbalança, imbalança, imbalança
Casa de ferreiro, espeto de pau
Quem não engole espinha nunca vai se dar mal
Quem não dança minha dança é melhor nem chegar
Se puxou do punhal tem que sangrar
Tem que sangrar tem que sangrar
Quem não engole espinha nunca vai se dar mal
Quem não dança minha dança é melhor nem chegar
Se puxou do punhal tem que sangrar
Tem que sangrar tem que sangrar
É sacode a poeira
Imbalança, imbalança, imbalança, imbalança bis
Imbalança, imbalança, imbalança, imbalança bis
Me dê um cadinho de cachaça...
Me aqueça, me aperte, me abraça...
Depressa, correndo, vem ligeiro
Me dê teu perfume, dê um cheiro
Encoste em meu peito o coração
Vamos mostrar pr´esses cabras como se dança um baião
E quem quiser aprender é melhor prestar atenção
Me aqueça, me aperte, me abraça...
Depressa, correndo, vem ligeiro
Me dê teu perfume, dê um cheiro
Encoste em meu peito o coração
Vamos mostrar pr´esses cabras como se dança um baião
E quem quiser aprender é melhor prestar atenção
É sacode a poeira
Imbalança, imbalança, imbalança, imbalança bis
Imbalança, imbalança, imbalança, imbalança bis
Deixa essa criança chorar, deixa
essas criança chorar
Não adianta cara feia, nem adianta se zangar
Que ela só vai para quando essa fome passar
... e doutor,uma esmola a um pobre que é são
Ou lhe mata a vergonha, ou vicia o cidadão
Não adianta cara feia, nem adianta se zangar
Que ela só vai para quando essa fome passar
... e doutor,uma esmola a um pobre que é são
Ou lhe mata a vergonha, ou vicia o cidadão
É sacode a poeira
Imbalança, imbalança, imbalança, imbalança
Imbalança, imbalança, imbalança, imbalança
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