É cada vez mais raro, nos
depararmos com a seguinte cena: Um grupo de jovens, em uma mesa de bar, ou sala
de apartamento, ou mesmo no meio fio das calçadas, com um deles portando um
violão e todos cantando canções deles mesmos e conversando sobre as novidades
do exterior e o som que eles vinham fazendo. Isto regado a bebida, comida e
claro, paquera, namoros e parcerias musicais. Foi assim que um Movimentou ou um
estilo musical surgiu no Brasil a Bossa Nova.
O apartamento da família de
Nara Leão no Rio de Janeiro foi no final dos anos 50, palco desta reunião de
Jovens, entre eles Carlos Lyra, Ronaldo Boscoli, Roberto Menescal e claro o
Baiano João Gilberto. Todos amavam o Jazz Americano, em especial o Cool e o Bep
Bop. As novíssimas lojas de discos eram locais de ouvir as novidades vindas do
exterior. Lá se escutava também, dois cantores Brasileiros que cantavam com voz
macia e com arranjos muito próximos aos das Big Bands Americanas e de cantores
como Frank Sinatra. Eram Dick Farney e Lucio Alves. Eles se diferenciavam no
repertório dos bolerãos, valsas e dor de cotovelo que inundavam a musica
Brasileira nos anos 50.
Esta atmosfera musical e
comportamental, influenciou o poeta Vinicius de Moraes e o compositor Tom
Jobim. Os dois já trilhavam caminhos diferenciados da maioria dos artistas da
então MPB. Antenados com o que estava acontecendo ao redor. Em 1958, Elizeth
Cardoso, lança o LP Canção do Amor Demais. Uma das faixas é Chega de Saudade de
Vinicius e Tom. Mas a novidade estava na batida do violão. Era João Gilberto no
acompanhamento. A batida, um ritmo totalmente desconhecido. O samba da Bahia,
com toques do Jazz Cool. Em 1959, João lança um compacto, com Chega de Saudade
e sua voz baixinha e suave, junto com a batida vai fazer História.
Nascia a Bossa Nova. Que
junta-se a ela sua pré História, João Donato, Milton Banana, Vinicius, Tom e a
garotada do Apê da Nara. Até hoje, a escritores e críticos que se dividem,
quanto ao caráter da Bossa Nova. A aqueles que afirmam ter sido um Movimento,
que introduz na música do Brasil, um ritmo alegre que falava do sol, mar,
barquinho, amores, na contra mão da tristeza de canções como de Antônio Maria,
tão criticado por João Gilberto. Outro aspecto, a batida rítmica e a mistura
nos arranjos. Isto segundo Ruy Castro no livro Chega de Saudade, sobre a Bossa
Nova, internacionalizou “o Movimento”.
O famoso Show no Carnegie Hall, em Nova Iorque,
faz a popularização da Bossa Nova. Standards da canção Internacional como Sarah
Vaughan, Stan Getz, Frank Sinatra (com
Tom Jobim), Ella Fitzgerald entre
outros.
Chega de Saudade, da o tom que a bossa nova queria
já no primeiro verso. Uma das maiores canções do mundo. Ouça aqui: http://brzu.net/04sxm
.
Chega de Saudade
Vai minha tristeza
E diz a ela que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece
Que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
E diz a ela que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece
Que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade
A realidade é que sem ela
Não há paz não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim
Não sai de mim
Não sai
A realidade é que sem ela
Não há paz não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim
Não sai de mim
Não sai
Mas, se ela voltar
Se ela voltar que coisa linda!
Que coisa louca!
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos
Que eu darei na sua boca
Se ela voltar que coisa linda!
Que coisa louca!
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos
Que eu darei na sua boca
Dentro dos meus braços, os abraços
Hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio
De você viver sem mim
Não quero mais esse negócio
De você longe de mim
Vamos deixar esse negócio
De você viver sem mim
De você viver sem mim
Não quero mais esse negócio
De você longe de mim
Vamos deixar esse negócio
De você viver sem mim
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