segunda-feira, 5 de novembro de 2007

TERCEIRO FESTAFRO: ESTAMOS CLASSIFICADOS



O Terceiro Festival de MPB, com temática Afro, organizado pela Secretaria Municipal de Cultura, será realizado este ano, nos dias 16, 17 e 18 de Novembro, no Teatro Vitória. No ano passado fiz a letra para a Musica assinada pelo companheiro Wilson Cerqueira, “Quilombo, Quilombola”, ficamos com o premio de Consagração Popular.

Este ano, após seis meses de pesquisas, inscrevemos e passamos pela seleção, com a musica, “NEGRO POETA”. Ela será defendida pelo Grupo Som da Terra, o mesmo que interpretou o Quilombo, agora acrescido de convidados especiais.

A canção é um tributo a uma Liderança popular, o Glostóra, pai do militante do Movimento Negro Galdino Clemente. Glostóra, faleceu em 1978, mas deixou uma História repleta de contribuições as comunidades negras e pobres. Conhecido por ser o primeiro negro a organizar no dia treze de Maio, comemorações e atividades relacionadas a abolição na cidade de Limeira, Glostóra, é hoje para as novas gerações um desconhecido.

Foi neste sentido, que resolvi, trabalhar este tema para a composição da musica. Descobri que muito tem se escrito sobre a História de Limeira, porem muito pouco sobre os pobres e suas lideranças. Cresci ouvindo falar de personagens populares, alguns cheguei a conhecer, como Geni Preta, Perigoso, Zé Mario, Pedro Loco e o próprio Glostóra. No entanto a forma como se falava destas pessoas, soava o pejorativo, a chacota, a total falta de respeito.

Hoje tenho a convicção de que estes Homens e Mulheres, ao seu tempo e de sua maneira de compreender o mundo, contribuíram para o desenvolvimento da cidade, não com poder econômico, nem tão pouco político, mas com cultura, resgatando tradições do povo, enfrentando preconceitos e discriminações.

A primeira idéia era de conformar uma letra falando de todos eles, mas percebi que não seria justo com a trajetória de cada um, estaria diluindo em poucos versos esta contribuição importante. Com a aproximação do FESTAFRO, escolhi o personagem que para mim estava mais próximo, teria maior facilidade para colher dados. Procurei Galdino, que prontamente ajudou na pesquisa, fornecendo as informações necessárias para a formatação da letra.

Com a letra pronta, entreguei ao parceiro na musica e na vida, Wilson Cerqueira. O ritmo é um Partido Alto, um Abre Alas, com um toque choroso e suave de Paulinho da Viola, sem deixar de incentivar o Samba no Pé.

Nas próximas postagens vou tecer mais sobre a vida do Glostóra, o qual pretendo em breve lançar um e – book, sobre sua vida. Por enquanto, leiam a letra da canção abaixo:

NEGRO POETA

AUTOR DA LETRA: JANJÃO

AUTOR DA MÚSICA: WILSON CERQUEIRA

INTERPRETE: GRUPO SOM DA TERRA

O batuque explode no céu
É a unidos do glostóra REFRÃO
Pedindo um pouco de mel
Pra limpar a garganta e contar a história

Pretos velhos e São Benedito
Abençoaram o neguinho
Que lavava sem atrito
Degraus da igreja com brancos e índios
Nasceu da aliança divina
A festa da libertação
E todos comemoravam
Era 13 de maio da abolição.

O poeta da palavra
Admirava Castro Alves
Rui Barbosa e Patrocínio
Grandes referências e celebridades
Na festa a mesa era farta
Doações nunca faltou
O povo comia e bebia
Tudo repartia alegre sim sinhô.

Reis afros apareciam
Testemunhando a História
E todos apreciavam
E por lá ficavam até romper a aurora
O branco era a vestimenta
O negro a comunidade
A festa sua grande paixão
Era muita emoção era felicidade

Criou-se espaço de dança
De vida e esperança pra todas as raças
O surdo marcava o compasso
Sobrava espaço pra arte e pra graça
È o carnaval sonhador
Sem espaço pra dor e a exclusão
Ele é parte da nossa história
É o nosso glostóra é o nosso irmão

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