Gilberto Gil esta para a
música Brasileira, como os Beatles estão para a o Rock e o Pop. A capacidade do
artista, em prever o futuro por intermédio de sua arte é algo raro, digno de um
Deus Grego, com direito a misticismo e magia. Gil é para mim um visionário,
consegue aos escrever uma canção, enxergar mil anos luz a frente de todos. Foi
assim quando ouviu João Gilberto e Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band,
e com Caetano Veloso, criou a Tropicália, a verdadeira Geleia Brasileira. Foi
assim também quando previu ao voltar do exílio em 1972, a pos modernidade dos
século XXI, com Expresso 2222. Ou foi também em 1997, quando a gente ainda
usava apenas o Word e se comunicava o mais rápido por fac-símile, ele já
cantava pela Internet.
Dono de uma personalidade aberta a todos os ritmos e sons, não se
acabrunhou em juntar guitarra elétrica, com berimbau e sinfonia de cordas. Do
Pop ao Jazz, da Bossa ao Iê, Iê, Gil não tem preconceitos ou formalização
definida sobre música. Como ele a música é universal, não serve só para
entretenimento ou relaxar a alma. Serve para refletir o presente com um olho no
futuro. Um cientista social e filósofo, ser ter academia, o Baiano, como ele
mesmo diz, é a síntese da tese e da Anti Tese de uma sociedade em profunda e
constante transmudação. Karl Marx puro.
No meios dos anos 70, Gilberto Gil já refeito do Exilio imposto pelos
militares e altamente integrado a cena politica e musical, continuou a surpreender
do Oiapoque ao Chuí. Gil inicia uma Trilogia em 1975, com Refazenda, Trilogia
esta que vai ter a alcunha de RE. Totalmente antenado com a conjuntura do País,
o disco com uma tendência rítmica caída para o Sertanejo, com Toadas, Forrós,
Chotes entrelaçada com o Pop e o peso das Guitarras, percorre a temática do êxodo
rural, provocado pela industrialização e o latifúndio no Campo.
Na sequencia,
como que umbilicalmente ligados, apresenta o LP Refavela de 1977. A cidade
grande como temário, Gilberto Gil, vai denunciar as contradições das metrópoles,
cheias de arranhas céus e empinhada de favelas e miséria. O Funk se mistura ao
samba, em um tempo em que o ritmo dos Negros da América do Norte não tinha vez
na MPB.
E aí chegamos á Realce. O disco
é de 1979, é o fim da Trilogia do RE. O disco surgiu um ano antes, quando da
participação no Festival de Arte Negra na Nigéria. Gilberto Gil, manteve o
contato com o mundo pop daqueles tempos e em especial com a Dance Music, que
será o ritmo predominante no LP e o Reggae. Um disco cheio de Hits, como a faixa
titulo com suas luzes e cores, Toda Menina Baiana, Se eu quiser falar com Deus,
Marina uma releitura dançante da toada de Dorival Caymmi e claro Não Chores
Mais.
O compositor já conhecia o ritmo da Jamaica e tinha Bob Marley como uma
de suas referencias máximas para a criação. Não chores Mais é a versão que Gil
fez para o Reggae de Marley. É a leitura de cenário de um tempo de cala te
boca, de torturas, de gente sumindo e ao mesmo tempo de lembrar a contra
cultura de uma juventude que subvertia a ordem através do comportamento. Cantei
muito No Woman No Cry, no meio das calçadas, nas reuniões da comunidade de
Jovens, nas greves e Manifestações Populares. Uma canção forte, uma balada para
dançar de rosto colado, mas para lamentar os 21 anos de Ditadura. Leia aqui a
letra comentada: http://migre.me/eVwgJ .
Veja a canção aqui e acompanhe a letra: http://migre.me/eVwip
.
Não
Chore Mais (No Woman, No Cry)
No Woman, No Cry
No Woman, No Cry
No Woman, No Cry
No Woman, No Cry...
No Woman, No Cry
No Woman, No Cry
No Woman, No Cry...
Bem que
eu me lembro
Da gente sentado ali
Na grama do aterro, sob o sol
Ob-observando hipócritas
Disfarçados, rondando ao redor...
Da gente sentado ali
Na grama do aterro, sob o sol
Ob-observando hipócritas
Disfarçados, rondando ao redor...
Amigos
presos
Amigos sumindo assim
Prá nunca mais
Tais recordações
Retratos do mal em si
Melhor é deixar prá trás...
Amigos sumindo assim
Prá nunca mais
Tais recordações
Retratos do mal em si
Melhor é deixar prá trás...
Não, não
chore mais
Não, não chore mais
Oh! Oh!
Não, não chore mais
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
Não, não chore mais
Hê! Hê!...
Não, não chore mais
Oh! Oh!
Não, não chore mais
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
Não, não chore mais
Hê! Hê!...
Bem que
eu me lembro
Da gente sentava ali
Na grama do aterro, sob o céu
Ob-observando estrelas
Junto à fogueirinha de papel...
Da gente sentava ali
Na grama do aterro, sob o céu
Ob-observando estrelas
Junto à fogueirinha de papel...
Quentar o
frio
Requentar o pão
E comer com você
Os pés, de manhã, pisar o chão
Eu sei a barra de viver...
Requentar o pão
E comer com você
Os pés, de manhã, pisar o chão
Eu sei a barra de viver...
Mas, se
Deus quiser!
Tudo, tudo, tudo vai dar pé
Tudo, tudo, tudo vai dar pé
Tudo, tudo, tudo vai dar pé
Tudo, tudo, tudo vai dar pé
Tudo, tudo, tudo vai dar pé
Tudo, tudo, tudo vai dar pé...
Tudo, tudo, tudo vai dar pé
Tudo, tudo, tudo vai dar pé
Tudo, tudo, tudo vai dar pé
Tudo, tudo, tudo vai dar pé
Tudo, tudo, tudo vai dar pé
Tudo, tudo, tudo vai dar pé...
No Woman, No Cry
No Woman, No Cry
No Woman, No Cry
Uh! Uh! Uh!...
No Woman, No Cry
No Woman, No Cry
Uh! Uh! Uh!...
Não, não
chore mais
Menina não chore assim!
Não, não chore mais
Oh! Oh! Oh!
No Woman, No Cry
No Woman, No Cry
Não, não chore mais
Não chore assim
Não, não chore mais
Hê! Hê!
Menina não chore assim!
Não, não chore mais
Oh! Oh! Oh!
No Woman, No Cry
No Woman, No Cry
Não, não chore mais
Não chore assim
Não, não chore mais
Hê! Hê!
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