Nara Leão é para mim uma incógnita.
Sua voz fraquinha e seu jeito de cantar baixinho, explode em mim vários sentimentos.
Se pensar no técnico diria que não gosto, as vezes até tem um que de
desafinado. Alias a quem diga que Tom Jobim se inspirou nela para conceber o clássico
“Desafinado”. Mas o que mais me encantava nela era tradução que ela dava nas
canções.
Podia ser uma bossa nova,
considerada no inicio como canção de apartamento, em função de que o grupo que
vai criar o “movimento”, tinha a casa de Nara como local para a apresentação
das novidades. Podia ser uma de Protesto como Opinião ou Cacará, letras fortes,
mas que Nara Leão as cantava baixinho, ou uma Romântica como Além do Horizonte
de Roberto e Erasmo Carlos.
Como cantoras de sua extirpe Nara, transformava o
simples em poesia cantada. Era lindo vê-la cantar suave. Quando alguns anos
atrás, Fernanda Takai, do Pato Fú, gravou seu primeiro trabalho solo, foi
músicas de Nara Leão, que ela cantou. Nelson Motta, foi quem sugeriu a Takai
que grava-se Nara. Dizia ele pela identificação da voz, o baixinho, o suave e
ao mesmo tempo profundo. Ouvi Nara pela primeira em uma coletânea da qual não me
lembro mais. (Era uma canção infantil, Pof o Dragão Mágico, uma versão feita
pelo então naquele momento compositor Renato Teixeira, da musica Puff, the
Magic Dragon).
Alias Nara Leão antes de
Elis Regina, já lançava novos compositores, era sua sina. Iniciou-se lá no
Apartamento, onde apresentou para os já adultos Tom Jobim, Vinicius de Moraes,
garotos talentosos, entre eles Roberto Menescal e Carlos Lira, que estavam
aprendendo a batida de um tal João Gilberto. De musa da Bossa Nova, Nara foi
para a canção de Protesto e já em primeiro disco, lançou um Nordestino João do
Vale e um sambista de Morro Zé Keti.
Bom, meu ultimo foi de uma
canção de Raimundo Fagner, do LP Manera Frufru Manera de 1973, depois relançado
em 1979.
Foi nos acordes do Violão do então Padre Luís Carlos do Nascimento, da
comunidade de Santa Luzia, que ouvi outra preciosidade deste disco. Penas do
Tiê, que no disco aparece como retirado do folclore, mas em alguns textos, de
autoria de Luís Gonzaga. Esta canção de amor, fala de um pássaro. O Tiê, que no
Nordeste ele é conhecido como Tiê Sangue ou Sangue de Boi, por conta de sua
Plumagem Vermelha. No Sudeste e Sul, o Tiê é preto, em São Paulo é foguinho
Preto. Suas penas são pretinhas, bem pretinhas.
A referencia ao Tiê é o seu
canto que faz o sertanejo se deliciar com as coisas da Natureza e fazer uma ode
ao seu Amor. Nara Leão canta ao lado de Fagner, esta linda musica. Sussurrei
ela varias vezes para alguns de meus amores.
Mas para quem quer lembrar
de seu Amor, com os sons da Natureza e ao mesmo tempo matar saudades de Nara
Leão Click aqui: http://migre.me/eT6uq
Penas
do Tiê
Vocês já
viram lá na mata a cantoria,
Da passarada
Quando vai anoitecer,
E já ouviram o canto triste da araponga,
Anunciando que na terra vai chover,
Já experimentaram guabiroba bem madura,
Já viram as tardes quando vai anoitecer,
E já sentiram das planícies orvalhadas
O cheiro doce das frutinhas muçambe
Pois meu amor tem um pouquinho
Disso tudo
E tem na boca a cor das penas do tiê,
Quando ele canta os passarinhos ficam mudos
Sabe quem
é o meu amor
Ele é você você você...
Da passarada
Quando vai anoitecer,
E já ouviram o canto triste da araponga,
Anunciando que na terra vai chover,
Já experimentaram guabiroba bem madura,
Já viram as tardes quando vai anoitecer,
E já sentiram das planícies orvalhadas
O cheiro doce das frutinhas muçambe
Pois meu amor tem um pouquinho
Disso tudo
E tem na boca a cor das penas do tiê,
Quando ele canta os passarinhos ficam mudos
Sabe quem
é o meu amor
Ele é você você você...
Nenhum comentário:
Postar um comentário