Em 1988, esta a todo vapor
na militância Sindical e Partidária. Trabalhava no Sindicato dos Metalúrgicos
de Limeira e era filiado ao Partido dos Trabalhadores. Tempos de intensas
mobilizações e lutas populares e sindicais. Tempos também de redemocratização, vivíamos três
anos sem ditadura militar, mas os resquícios dela eram muito fortes. Forte também
era o desmoronamento, do chamado Governo da Nova República. A aliança
conservadora, entre PMDB e lideranças do Regime dos Generais, consolidada na
Eleição indireta de Tancredo Neves e José Sarney, contrariando o desejo do
País, que vinha a ser as eleições diretas, trazia o sentimento de derrota e
frustração no povo Brasileiro.
Governando, através de
pacotes econômicos, que travavam o consumo e a produção interna, Sarney,
demonstrava sua incapacidade de combater uma inflação gigante e uma divida
externa galopante, que geravam, a cada anuncio “de controle”, recessão e
arrocho de salários. Mesmo com uma Constituição, Democrática e de garantias de
direitos, contradições vinham junto com a nova carta. Entre elas os cinco anos
para o Presidente José Sarney, medida envolta a denuncias de compra de votos. A
corrupção, discurso dos Militares para promoverem o golpe em 1964, estava de
volta ao debate nacional. Foi um período, em que tivemos greves e manifestações
em centenas, onde a bandeira da ética na política em conjunto com
reivindicações trabalhistas e contra o alto custo de vida, eram as primeiras da
lista.
Foi aí que na Rede Globo, estreia
em seu horário nobre, um dos maiores sucessos dela e do autor de novelas
Gilberto Braga. Vale Tudo, vai ficar no ar por quase um ano, termina próximo as
eleições presidenciais de 1989. A História de Raquel (Regina Duarte), com seus princípios
de honestidade e austeridade, e sua filha mal caráter Maria de Fátima (Glória
Pires), golpista até o pescoço, vai prender da dona de casa, passando pelo
operário, empresário e até os políticos na telinha. Um enredo, onde a corrupção
não é pano de fundo, ela se concretiza em personagens que entraram para a
História como Odete Roitmam (Beatriz Segal) (Quem a matou? Lembram-se?) ou do
empresário sujo e desonesto Marco Aurélio (Reginaldo Faria, lembram-se da
Banana que ele nos manda no capitulo Final?).
Pois bem, Vale tudo, pode
ser perfeitamente repassada nos dias atuais, que será hiper atual. A corrupção
hoje é institucionalizada e ligada fortemente ao crime organizado. A questão de
ser honesto ou não ainda esta no imaginário dos Brasileiros. Ainda podemos
identificar, aqueles que defendem o Rouba mas faz, um pequeno delito não faz
mal a ninguém e a concepção de que todo político é corrupto.
Pautada por uma
trilha sonora de peso, principalmente a Nacional, Vale Tudo, tinha Brasil de
Cazuza a canção abertura, na voz de Gal Costa. Cazuza mostrava ao País que ser
Honesto não é pecado, ao anunciar que tinha AIDS. Brasil, faz parte desta fase
criativa e ética, de um dos maiores compositores do País, que conseguia em uma
linguagem poética e ao mesmo tempo acida, desnudar a sujeira, o lixo de uma
elite podre e fedida, como mais tarde o mesmo Cazuza vai escrever em Burguesia.
Brasil, vai ter uma versão
bacana do Kid Abelha em seu disco MTV Acústico. Mas fiquem com o original,
clicando aqui: http://migre.me/ft1hV .
Brasil
Não me
convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer
Não me
ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta estacionando os carros
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito é uma navalha
Nem um cigarro
Fiquei na porta estacionando os carros
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito é uma navalha
Brasil
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim
Não me
convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer
Não me
sortearam
A garota do Fantástico
Não me subornaram
Será que é o meu fim?
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada pra só dizer "sim, sim"
A garota do Fantástico
Não me subornaram
Será que é o meu fim?
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada pra só dizer "sim, sim"
Brasil
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim
Grande
pátria desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
(Não vou te trair)
Em nenhum instante
Eu vou te trair
(Não vou te trair)
Nenhum comentário:
Postar um comentário