sábado, 20 de julho de 2013

BURGUESIA

Fiz a leitura do Best Seller, a História da Riqueza do Homem, umas dez vezes, mais ou menos. Um livro, incorporado a disciplina de História e Sociologia, em varias faculdades. Leo Hubberman seu autor, escreve de forma didática, dividindo a obra em capítulos, que perfeitamente podem se transformar em pequenas cenas de um vídeo para sala de aula (fica a sugestão). Marxista o autor, trabalha a formação da sociedade a partir da economia. O surgimento da Sociedade Feudal, com seus senhores e servos, passando pela constituição dos Burgos (cidades), com seu comércio de trocas de mercadoria até chegar nos bancos e o dinheiro. Dai Léo Hubberman, decreta o surgimento do Capitalismo e uma classe social, a Burguesia.

Em 1989, assessora o Sindicato dos Metalúrgicos em Limeira, já tinha noção, através de cursos de formação, leituras inclusive da História da Riqueza, bem como das lutas de enfrentamento de classe, o que vinha a ser Burguesia. Tinha nítido que se tratava de uma classe, que se consolidou como hegemônica, a partir da Revolução Francesa. Proprietária dos meios de produção, a ela interessa a acumulação de bens através do lucro, extraído é claro da força de trabalho. Burgueses e Trabalhadores, são antagônicos em interesses em uma sociedade Capitalista, exatamente porque a primeira explora o trabalho da segunda. E assim vivem em conflito constante. O poema Operário em Construção de Vinicius de Moraes, traduz esta luta de classes. Clique aqui e descubra: http://migre.me/fyizL .

Foi neste ano, em meu aniversário, que ganhei uma fita cassete, da mulher da minha vida Nadir de Souza Gonçalves, minha paquera na época, Burguesia de Cazuza o disco. Ela sabia que eu curtia, o poeta carioca. Sabia também que tinha lido sobre o ultimo disco da vida de Cazuza. Já em cadeira de rodas em função do avanço da AIDS, Cazuza lança um disco duplo, gravado pela Som Livre. Um disco conceitual, onde o cantor compositor expõem sua visão do Amor, da Amizade e da Política. O primeiro disco e todo Rock In Rool e traz canções da geração Rock BR 80, entre eles George Israel, Lobão e Frejat, bem como a titia Rita Lee. Já o disco 2, todo ele com ritmos da MPB, onde podemos destacar Cobaia de Deus, dele e Angela Rô Rô.

Burguesia esta no disco 1, escrito em parceria com George Israel do Kid Abelha e o amigo Ezequiel Neves. Uma letra acida, real, digo até agressiva. Expõem de forma lúcida, os interesses de uma classe social, que no poder tudo faz para acumular. O refrão “A Burguesia Fede, a Burguesia quer ficar Rica, enquanto houver Burguesia, não haverá Poesia”, traduz a reflexão de Léo Hubbermam em sua obra, e a concepção Marxista. Cazuza admite vir desta classe, mas confessa detesta-la e não seguir seu preceito de explorar os pobres. Críticos diziam ser a doença e a necessidade de Marketing, o motivo da destilação de ódio do poeta, com sua  própria classe. Nunca concordei. Cazuza sempre foi um poeta de refletir sobre seu tempo e sua própria História.

Gosto de Burguesia e não da Burguesia. Aqui a canção: http://migre.me/fyjpJ .


Burguesia

Cazuza

A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
A burguesia não tem charme nem é discreta
Com suas perucas de cabelos de boneca
A burguesia quer ser sócia do Country
A burguesia quer ir a New York fazer compras
Pobre de mim que vim do seio da burguesia
Sou rico mas não sou mesquinho
Eu também cheiro mal
Eu também cheiro mal
A burguesia tá acabando com a Barra
Afunda barcos cheios de crianças
E dormem tranqüilos
E dormem tranqüilos
Os guardanapos estão sempre limpos
As empregadas, uniformizadas
São caboclos querendo ser ingleses
São caboclos querendo ser ingleses
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
A burguesia não repara na dor
Da vendedora de chicletes
A burguesia só olha pra si
A burguesia só olha pra si
A burguesia é a direita, é a guerra
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
As pessoas vão ver que estão sendo roubadas
Vai haver uma revolução
Ao contrário da de 64
O Brasil é medroso
Vamos pegar o dinheiro roubado da burguesia
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Pra rua, pra rua
Vamos acabar com a burguesia
Vamos dinamitar a burguesia
Vamos pôr a burguesia na cadeia
Numa fazenda de trabalhos forçados
Eu sou burguês, mas eu sou artista
Estou do lado do povo, do povo
A burguesia fede - fede, fede, fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
Porcos num chiqueiro
São mais dignos que um burguês
Mas também existe o bom burguês
Que vive do seu trabalho honestamente
Mas este quer construir um país
E não abandoná-lo com uma pasta de dólares
O bom burguês é como o operário
É o médico que cobra menos pra quem não tem
E se interessa por seu povo
Em seres humanos vivendo como bichos
Tentando te enforcar na janela do carro
No sinal, no sinal
No sinal, no sinal
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia


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