Sempre fui fissurado em
Televisão. Minha Geração é da Telinha. Ainda preto e Branco, curtíamos os
Festivais da Record, a Jovem Guarda de Roberto, as novelas da Globo, os
desenhos de Hanna e Barbera e claro os populares programas de auditório. A maioria
deles ao vivo. Eles eram 90% música Brasileira, aquela comercial, de tocar
massivamente nas rádios, de vender discos de baciada. Eram estes programas que
popularizavam estes artistas, boa parte da chamada musica Brega e Romântica, o
chamado sucesso fácil.
A Buzina do Chacrinha, mais
tarde a discoteca do Velho Guerreiro, era sem dúvida a grande novidade estética
daquele inicio dos anos 70. Saí a apresentação cerimoniosa, com trajes de gala,
para o escracho, a zoeira, a brincadeira de fazer rir. Abelardo Barbosa era um
visionário como disse Caetano Veloso em seu Livro Verdades Tropical. Não tinha
pudor de criar chavões como olha o Abacaxi, isto é Bacalhau, roda, roda,
cinegrafista, e muito menos de se caracterizar, as vezes de Baiana, de garoto,
e a tradicional, cartola e fraque de palhaço.
Mas o programa de Chacrinha,
não era revolucionário apenas na Contra Cultura, no desafio da moral
estabelecida, ele lançava talentos e o mistura a medalhões da MPB. O próprio Caetano,
esteve no programa várias. Bem foi em uma destas edições da Buzina (que também era
um programa esculachado de Calouros), que conheci Daniel Brasileiro, na época
conhecido apenas por Daniel. A Música intitulada Pé no Caminho.
Era os tempos duros da
Ditadura Militar. Mas eram também, os tempos do Movimento Hippie e de
comunidades alternativas. Tempos que a Juventude se rebelava contra o Status
Quo dos adultos e dos políticos. A Música era um templo para estas
Manifestações. Me liguei em Pé no Caminho. Tinha em 1975, 11 anos, estava na
pré adolescência, sabia de cor e salteado a canção. Uma balada destas muito
próximas, do Blues Gospel, Pé no Caminho é uma versão abrasileirada da parábola
do filho pródigo. Hoje tocaria perfeitamente no meio religioso.
A canção foi lançada um ano
antes, em uma das coletâneas da poderosa (na época), gravadora Pholigram ou
Phillips. A Magior da indústria fonográfica, tinha um elenco de excelência da
MPB, Caetano, Chico, Gil, João Gilberto, Gal, que
conviviam com artistas populares, os recordistas em vendas, entre eles Odair
José e Evaldo Braga. O Alagoano Daniel Brasileiro (nome artístico) ou José
Barbosa Filho, era um dos “Bregas”, contratados pela Phillips. Após o estouro
da canção na coletânea, Daniel gravou um compacto simples, onde Pé no Caminho,
fez História.
Parece que no caso do Cantor
compositor, a vida imitou a arte. Na letra de Pé no Caminho, a narrador se
coloca na estrada e no Mundo, deixando tudo para trás. Infelizmente Daniel
Brasileiro, optou nos últimos tempos de vida, viver na rua. Como morador das
Ruas e Avenidas de São Paulo, o artista, veio a falecer no ano passado. Poucos
sabiam que fim tinha levado, este cantor, que teve canções suas gravadas por
Almir Guinetto, Wando e bandas de Forró. Foi dificílimo, encontrar até na
Internet, a trajetória deste Brilhante Brasileiro.
Até o vídeo tive
dificuldades de localiza-lo. Mas click aqui é muito bom: http://migre.me/frBbx .
PÈ
NO CAMINHO
DANIEL
BRASILEIRO
Qualquer dia desses boto o pé no Caminho
Na beira da Estrada faço o meu ninho
Chinelo no pé e mochila no ombro
To um passo da queda
E dois para o tombo
E num passo mais fundo
Mais longo na estrada
Me a risco na vida
Sem medo de nada
Minha pobre família
Meu tudo e meu nada
Me atiro no mundo
Minha sorte jogada
Meu pobre pai
Meu grande amigo
Eu preciso lhe falar
Meu grande pai
Meu pobre amigo
Você tem que me ajudar
Nenhum comentário:
Postar um comentário