sexta-feira, 12 de julho de 2013

PÉ NO CAMINHO

Sempre fui fissurado em Televisão. Minha Geração é da Telinha. Ainda preto e Branco, curtíamos os Festivais da Record, a Jovem Guarda de Roberto, as novelas da Globo, os desenhos de Hanna e Barbera e claro os populares programas de auditório. A maioria deles ao vivo. Eles eram 90% música Brasileira, aquela comercial, de tocar massivamente nas rádios, de vender discos de baciada. Eram estes programas que popularizavam estes artistas, boa parte da chamada musica Brega e Romântica, o chamado sucesso fácil.

A Buzina do Chacrinha, mais tarde a discoteca do Velho Guerreiro, era sem dúvida a grande novidade estética daquele inicio dos anos 70. Saí a apresentação cerimoniosa, com trajes de gala, para o escracho, a zoeira, a brincadeira de fazer rir. Abelardo Barbosa era um visionário como disse Caetano Veloso em seu Livro Verdades Tropical. Não tinha pudor de criar chavões como olha o Abacaxi, isto é Bacalhau, roda, roda, cinegrafista, e muito menos de se caracterizar, as vezes de Baiana, de garoto, e a tradicional, cartola e fraque de palhaço.

Mas o programa de Chacrinha, não era revolucionário apenas na Contra Cultura, no desafio da moral estabelecida, ele lançava talentos e o mistura a medalhões da MPB. O próprio Caetano, esteve no programa várias. Bem foi em uma destas edições da Buzina (que também era um programa esculachado de Calouros), que conheci Daniel Brasileiro, na época conhecido apenas por Daniel. A Música intitulada Pé no Caminho.

Era os tempos duros da Ditadura Militar. Mas eram também, os tempos do Movimento Hippie e de comunidades alternativas. Tempos que a Juventude se rebelava contra o Status Quo dos adultos e dos políticos. A Música era um templo para estas Manifestações. Me liguei em Pé no Caminho. Tinha em 1975, 11 anos, estava na pré adolescência, sabia de cor e salteado a canção. Uma balada destas muito próximas, do Blues Gospel, Pé no Caminho é uma versão abrasileirada da parábola do filho pródigo. Hoje tocaria perfeitamente no meio religioso.

A canção foi lançada um ano antes, em uma das coletâneas da poderosa (na época), gravadora Pholigram ou Phillips. A Magior da indústria fonográfica, tinha um elenco de excelência da MPB, Caetano, Chico, Gil, João Gilberto, Gal,   que conviviam com artistas populares, os recordistas em vendas, entre eles Odair José e Evaldo Braga. O Alagoano Daniel Brasileiro (nome artístico) ou José Barbosa Filho, era um dos “Bregas”, contratados pela Phillips. Após o estouro da canção na coletânea, Daniel gravou um compacto simples, onde Pé no Caminho, fez História.

Parece que no caso do Cantor compositor, a vida imitou a arte. Na letra de Pé no Caminho, a narrador se coloca na estrada e no Mundo, deixando tudo para trás. Infelizmente Daniel Brasileiro, optou nos últimos tempos de vida, viver na rua. Como morador das Ruas e Avenidas de São Paulo, o artista, veio a falecer no ano passado. Poucos sabiam que fim tinha levado, este cantor, que teve canções suas gravadas por Almir Guinetto, Wando e bandas de Forró. Foi dificílimo, encontrar até na Internet, a trajetória deste Brilhante Brasileiro.

Até o vídeo tive dificuldades de localiza-lo. Mas click aqui é muito bom: http://migre.me/frBbx .

PÈ NO CAMINHO
DANIEL BRASILEIRO

Qualquer dia desses boto o pé no Caminho
Na beira da Estrada faço o meu ninho
Chinelo no pé e mochila no ombro
To um passo da queda
E dois para o tombo
E num passo mais fundo
Mais longo na estrada
Me a risco na vida
Sem medo de nada
Minha pobre família
Meu tudo e meu nada
Me atiro no mundo
Minha sorte jogada
Meu pobre pai
Meu grande amigo
Eu preciso lhe falar
Meu grande pai
Meu pobre amigo

Você tem que me ajudar

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