sábado, 27 de julho de 2013

GRÁVIDA

Em 1991, o amor da minha vida Nadir de Souza Gonçalves teve um bebê, uma linda menina, minha filha, meu orgulho, Ruani. O nascimento dela me encheu de vida. É um sentimento inexplicável, este de ser Pai, é dadiva divina, não tem explicação. A gravidez, é o ápice do nascer, para a mulher então, em minhas pesquisas com minhas duas, percebi ser a glória, é o amor se transformando em vida. Uma gravidez transforma a todos, para que surge uma nova Mulher, um novo Homem, com o crescimento do embrião.

Foi neste ano que Marina Lima, lançou o décimo disco da carreira, intitulado simplesmente “Marina Lima”. É a primeira vez que a cantora e compositora assina um trabalho, utilizando seu nome completo. Também é a primeira vez, que trabalha mais seu lado compositora, assinando sozinha varias faixas do disco. Foi também o primeiro trabalho dela com o produtor Liminha, um craque na produção de discos da MPB.

A carioca, que gravou pela primeira vez, em 1978 com o LP simples fogo, compunha desde lá com seu irmão Antônio Cicero. Suas influências são idênticas a da maioria dos artistas Brasileiros, Dolores Duran, João Gilberto, depois os Festivais de Música, Beatles e o Suingue do pop e da soul music Americana. Vivendo na adolescência nos Estados Unidos teve contato, com feras da música negra e do eletrônico pop. Será decisivo estas misturas musicais em seu trabalho. A poesia do irmão e os arranjos leves e soltos, combinaram com sua voz grave até meio roca, a transformando em uma das melhores cantoras do Brasil. Veja tão fácil do disco de estreia: http://migre.me/fBFOO .

A Cantora emplacou vários sucessos desde então, Fullgás, Me Chama, Francesa e varias outras. Mas este disco de 1991, parece que significava a transformação, bem ao gosto da dialética. Acontecimentos, Não sei Dançar e Grávida foram os Hits deste Álbum. A capa já demonstra sinais desta mudança. Fundo preto com Marina de blusa amarela e calças pretas e com os braços abertos, pronta para a acolhida, para a recepção, com Amor e carinho. Grávida em sua letra, fala em metáforas, desta transformação, como o feto se transforma no útero da mulher. Um arranjo pop, dançante mesmo, nos faz pensar nesta mudança em que todos nós estamos sujeitos a sofrer, seja para o bem, seja para o mal. Grávida é uma parceria brilhante de Marina com Arnaldo Antunes.

Grávida é uma das minhas favoritas. Ao se desfazer dos Vinil, este eu não doei a ninguém. Veja e ouça e se transforme: http://migre.me/fBG2E .


Grávida

Marina Lima

Eu tô grávida 
Grávida de um beija-flor 
Grávida de terra 
De um liquidificador 
E vou parir 
Um terremoto, uma bomba, uma cor 
Uma locomotiva a vapor 
Um corredor
Eu tô grávida 
Esperando um avião 
Cada vez mais grávida 
Estou grávida de chão 
E vou parir 
Sobre a cidade 
Quando a noite contrair 
E quando o sol dilatar 
Dar à luz
Eu tô grávida 
De uma nota musical 
De um automóvel 
De uma árvore de Natal 
E vou parir 
Uma montanha, um cordão umbilical, um anticoncepcional 
Um cartão postal
Eu tô grávida 
Esperando um furacão, um fio de cabelo, uma bolha de sabão 
E vou parir 
Sobre a cidade 
Quando a noite contrair 
E quando o sol dilatar 
Vou dar a luz



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