sexta-feira, 5 de julho de 2013

FOI DEUS QUEM FEZ VOCÊ

No Livro “A Era dos Festivais”, do produtor musical, critico e escritor Zuza Homem de Mello, o autor relata os porquês que os Festivais de Música, em especial os organizados e produzidos pela Televisão tiveram a importância Histórica, reconhecida até os dias atuais. Festivais ou concursos de música sempre existiram antes do que Zuza vai intitular como o inicio da Era, o ano de 1964. O Rádio e em particular a Radio Nacional, expert em música, organizava os concursos de marchinhas e músicas de carnaval. O formato com canções inéditas e apresentadas ao vivo com auditório, lançaram artistas e canções das quais cantarolamos até hoje. Com o advento da Bossa Nova, teatros que antes eram palco de música erudita ou JAZZ, começa a receber este “movimento” estilo, que ao se apresentar trazia novidades, canções nunca antes executadas. Os dois formatos as torcidas se dividiam, entre uma canção e outra. A do Rádio tinha premiação, inclusive em dinheiro, com direito a disco e a tocar incessantemente nas rádios.

Mas o que vai mesmo levar o estilo Festivais para a TV no inicio dos anos 60 do século XX, dois fatores determinantes. Primeiro a necessidade de impulsionar a audiência nas Tvs, tão em baixa ainda, com produções baseadas em literatura estrangeira ou mesmo cultura vindo de fora. A TV Record por exemplo tinha como uma de suas principais produções a realização de shows com grandes nomes Internacionais. Ocorre que esta forma de programação custava caro e já não atraia tanto as classes A e B, que tinham descoberto a Bossa Nova. Segundo motivo, o radio ainda era o que atraia todas as classes e em especial a C. Foi então que Record e Excelsior, sendo a segunda a pioneira, resolvem ter uma linha de programas Musicais tentando abranger todos os estilos da época. Os Festivais de Música Brasileira e mais tarde Internacional, será uma das principais atrações.

Segundo Zuza, o formato acabado de Festivais, foi idealizado mesmo por Paulo Machado de Carvalho dono da TV Record São Paulo e sócio da TV Rio. Para Paulinho Machado, os Festivais deviam ter a cara e o jeitão das lutas livres, grande ibope da TV Brasileira. Era um teatro, dizia Dr. Paulo, tudo era encenação, havia o bandido e havia o mocinho. Tinha torcida para os dois. Foi com este espirito de competição que a era dos Festivais, que segundo Zuza Homem de Mello, terminou em 1972 com o VII FIC da Globo. Pois o tempo em que os Festivais incidiam diretamente nos destinos da MPB, já não ocorria mais. Porem eles continuaram como produtivo televisivo até 1985. Continuaram a fazer sucesso, porem não mais ditando tendências, mas revelando nomes importantes para nossa música.

O Festival MPB 80 da Rede Globo, foi o primeiro a recuperar um prestigio perdido desde 1982. No mesmo formato que os anteriores, o Festival teve uma parceria com a indústria do disco, sendo que os artistas concorrentes eram ou foram contratados para concorrer ao concurso, tendo canções gravadas assim que fossem apresentadas. Foi Deus que fez Você, uma canção Romântica, uma valsa xote, feita Luis Ramalho irmão de Zé Ramalho, interpretada por Amelinha esposa do segundo na época, foi a mais vendida entre todas as concorrentes, mas não levou o Festival, ficou em segundo Lugar. Oswaldo Montenegro, com Agonia de Mongol, foi a campeã veja e ouça Agonia aqui: http://migre.me/fkF27 .

Cantei muito esta canção nas rodas de viola, uma poesia, um pouco denegrida por alguns críticos que a achavam bobinha e brega. Eu adoro: http://migre.me/fkF7A .

Foi Deus Quem Fez Você
Foi Deus que fez o céu,
O rancho das estrelas.
Fez também o seresteiro
Para conversar com elas.
Fez a lua que prateia
Minha estrada de sorrisos
E a serpente que expulsou
Mais de um milhão do paraíso.
Foi Deus quem fez você;
Foi Deus que fez o amor;
Fez nascer a eternidade
Num momento de carinho.
Fez até o anonimato
Dos afetos escondidos
E a saudade dos amores
Que já foram destruídos.
Foi Deus!
Foi Deus que fez o vento
Que sopra os teus cabelos;
Foi Deus quem fez o orvalho
Que molha o teu olhar. Teu olhar...
Foi Deus que fez as noites
E o violão plangente;
Foi Deus que fez a gente
Somente para amar. Só para amar...




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