Em 1981, vivia um de meus
infernos astrais. A vida é feita deles. Quem não termina o ano, o mês ou o dia,
não se achando, aborrecido e ao mesmo tempo em busca de saídas. Estava
desempregado, não tinha grana nem pro rolezinho. Estava com dezenove anos, e
prestava o serviço militar obrigatório. Foi dureza, fazer seis de tiro de
guerra. Não via e não vejo nenhuma razão para se obrigar um jovem ao
alistamento militar. Quem decide pela carreira, ainda tem sentido.
Vivia momentos afirmação de
personalidade. Sofria de Amor constantemente. Mas a barra estava pesada. Ficar
sem emprego, é não conseguir vislumbrar futuro algum. Minha vida limitava-se a
turma do Bairro, na mesma situação que a minha. Isto trazia um certo conforto.
Quando se é Jovem, é comum milhares de questionamentos existenciais. Me debatia
com eles, sofria toda a vez que não encontrava as respostas. A música como já
revelei aqui, era o elixir, capaz de me acalmar e ir buscando alternativas
reais para o inferno astral.
Ao ouvir Caçador de Mim, do Luís
Carlos Sá, parceiro do Guarabira, com o músico Sergio Magrão, em uma destas
noites de insônia, ouvi a letra e cantei a melodia. Um exercício que aprendi,
desde aqueles tempos. É quando você não cantarola, deixa a letra penetrar nos
ouvidos e atingir o coração. Quando seu corpo reage aquelas palavras e aquela
melodia que você sussurra para ti mesmo. Sai daquela experiência querendo ouvir
outras canções e outros discos da mesma forma.
Sempre gostei de Milton
Nascimento, como compositor e como interprete. Milton escreve o interior
humano, com tinturas de realidade. E mesmo quando a canção não é escrita por
ele, é como se o poema fosse escrito pelo cara. Ouvi de um dos últimos discos do
Bituca E a gente Sonhando. Neste discão Milton volta as origens dos tempos de
sua cidade Natal Três pontas. E também faz a sua versão de o Sol do Jota Guest.
Querem saber melhor que o original. Ouçam aqui: http://zip.net/bql7Lf
.
Caçador de Mim, traz as
duvidas de um personagem. Sua incessante incomodacão com o fato de tentar seu
espaço na vida. A constante busca por uma identidade. Um ser humano que aceita
a dialética da vida, que sabe que terá amores e os perderá. Um ser que admite
ser manso e também ser feroz. Mas que não teme a luta, embora tenha medo. Um
ser que acredita nos sonhos e no viver a sonhar.
Vejo que somos constantemente
caçadores de nós mesmos. Todos querem ser felizes, não há uma forma ou modelo
para ser feliz. Por isto corremos atrás, somos seres em mutação. O ser humano é
capaz de romper lógicas, formulas prontas, porque é um ser criativo e por isto
sempre em transformação.
O disco de 1981, fez grande
sucesso, inclusive esta obra prima. Clic e ouça: http://zip.net/bql7Lm
.
Caçador
de Mim
Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim
Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim
Nada a temer senão o correr da
luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir as armadilhas da mata escura
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir as armadilhas da mata escura
Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim
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