segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

NOTURNO

Raimundo Fagner, entrou na minha lista de Favoritos, através do Ex Padre, meu Diretor Espiritual e a amigo, Luís Carlos do Nascimento. Já disse aqui em outras crônicas, minha admiração e amizade pelo exímio violeiro Luís Carlos. Nas inúmeras cantorias que fazíamos no inicio dos anos 80, no salão da hoje Paróquia de Santa Luzia, o Cearense Fagner era sempre lembrado.

Confesso que gostava mais de Raimundo Fagner daquela fase, do que a da metade daquela década. As canções falando do universo Nordestino, resgatando culturas e até denunciando a seca e a fome por ela provocada, me animava mais. Fagner com seus diversos parceiros, entre eles Belchior, Fausto Nilo, Manassés, Ednardo e outros, navegava com letras enigmáticas e ao mesmo tempo filosóficas, pelas entranhas do ser humano.

O primeiro estouro de Fagner, que o vai fazer conhecido, ouvi na antiga radio Andorinhas de Campinas, FM. Revelação, me fez ter contato com aquela voz forte de um sotaque Nordestino potente, que com ela arrebatava nossos ouvidos com seriedade, fazendo o coração pulsar e a mente pensar. As canções de Fagner, daquele período, foram feitas para refletir, pensar em muito. Revelação, fala do Amor, que o compositor tenta guardar, mas ele insiste em incomodar, mesmo em uma separação. Clic e ouça Revelação: http://brzu.net/04xnw .

Durante todo os anos 70, Fagner trilhou os caminhos dos Festivais de música, canal que dava visibilidade aos novos artistas, por conta da Televisão. Foi em um destes Festivais, que a turma do Pasquim descobriu o Raimundo. Um projeto que infelizmente não deu certo, o Disco de Bolso, um compacto simples era encartado junto com o Jornal Alternativo. Trazia de um lado, um artista consagrado, do outro um lançamento. Fagner participa do segundo volume do disco de bolso em 1972 com Mucuripe, parceria dele com Belchior. O consagrado era Caetano Veloso com A Volta da Asa Branca. Mucuripe este poema fantástico, vai ser conhecido no grande público, quando Roberto Carlos em 1975 canta a canção. Ouça Mucuripe: http://brzu.net/04xnx .

Abandonei Raimundo Fagner, após suas incursões por canções mais comerciais menos elaboradas. Não conseguia entender aquela opção em conquistar um público mais popular, que ouvia AM e assistia programas de auditório. Me reconciliei com o compositor, em 1989, quando esteve em Limeira. Foi um Show memorável, no Ginásio de Esportes do Nosso Clube. Sairiam sim a até bonita Borbulhas de Amor, mas o que eu queria mesmo era ouvir, Canteiros, Eternas Ondas, Guerreiro Menino e tantas outras.

Noturno é a canção desta resenha. Uma das ultimas da fase da poesia pura, arranjada com o fado português e a balada Brasileira. O primeiro verso é de arrepiar os cabelos. Uma obra que fala de desilusão, solidão, paixão e ao mesmo tempo de esperança. Os tempos ainda eram bicudos. Noturno esta no LP de 1979 Beleza e foi abertura da novela da Globo, Cavalo Alado. Clic e ouça: http://brzu.net/04xny .

Noturno
O aço dos meus olhos
E o fel das minhas palavras
Acalmaram meu silêncio
Mas deixaram suas marcas...
Se hoje sou deserto
É que eu não sabia
Que as flores com o tempo
Perdem a força
E a ventania
Vem mais forte...
Hoje só acredito
No pulsar das minhas veias
E aquela luz que havia
Em cada ponto de partida
Há muito me deixou
Há muito me deixou...
Ai, Coração alado
Desfolharei meus olhos
Nesse escuro véu
Não acredito mais
No fogo ingênuo, da paixão
São tantas ilusões
Perdidas na lembrança...
Nessa estrada
Só quem pode me seguir
Sou eu!
Sou eu! Sou eu!...
Hoje só acredito
No pulsar das minhas veias
E aquela luz que havia
Em cada ponto de partida
Há muito me deixou
Há muito me deixou...
Ai, Coração alado
Desfolharei meus olhos
Nesse escuro véu
Não acredito mais
No fogo ingênuo, da paixão
São tantas ilusões
Perdidas na lembrança...
Nessa estrada
Só quem pode me seguir
Sou eu!
Sou eu! Sou eu! Sou eu!...
Ai, Coração alado
Desfolharei meus olhos
Nesse escuro véu
Não acredito mais
No fogo ingênuo, da paixão
São tantas ilusões
Perdidas na lembrança...
Nessa estrada
Só quem pode me seguir
Sou eu!
Sou eu! Sou eu! Sou eu!...


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