terça-feira, 14 de janeiro de 2014

SOBRADINHO

O Baiano Gutemberg Guarabira, talvez não imagina-se que sua valsa rancho vitoriosa no II Festival Internacional da Canção de 1967, da Rede Globo, fosse pelo menos lhe abrir caminhos para uma carreira de sucesso. Margarida nem era favorita naquele Festival, que tinha Chico Buarque e sua Carolina e Milton Nascimento e a extraordinária Travessia. Guarabira, deixa os favoritos para trás, e com a interpretação do Grupo Vocal Manifesto, arrebata o galo de ouro, símbolo daquele certame. Margarida não emplacou nas paradas de sucesso. Poucos se lembram dela. O próprio autor não há canta mais em seus shows. Mas o lançou para o País. Clic aqui e ouça Margarida: http://zip.net/bgl5GC .

O Carioca Luís Carlos Sá, naqueles anos 60, trilhou primeiro uma carreira apenas como compositor, depois foi fazer o circuito dos Festivais e tentar consolidar uma carreira solo. Unindo a Bossa Nova e ligado ao que os mineiros faziam, mais influências do Rock Inglês e de do Folk Americano, principalmente Bob Dylan, foram construindo em Sá uma concepção musical. Mas antes teve em Giramundo seu primeiro sucesso, gravado por Pery Ribeiro. Clic e ouça a canção: http://zip.net/byl5Zr .

E aí no final dos 60, o encontro com Guarabira e Zé Rodrix. O ultimo mineiro, vinha da experiência do Rock Progressivo e Psicodélico do Grupo de Belo Horizonte Som Imaginário. Uma banda que começou como acompanhante de Milton Nascimento e que teve como integrantes, feras, como Wagner Tiso, Tavito, Beto Guedes e outros. A união do Carioca, do Baiano e do Mineiro, criou um ritmo original o Rock Rural. As tradições do Nordeste, o Folk Americano e a batida da Bossa Nova, com o ritmo Mineiro e Progressivo, deu ao mundo o trio Sá, Rodrix e Guarabira. Gravaram dois discos de muito sucesso, mas com a saída de Zé, surgia Sá & Guarabira. Clic e ouça Primeira Canção da Estrada. http://zip.net/bkl5By .

Sobradinho cidade Baiana ao Norte do Estado, foi criada no lugar de Remanso, Casa Nova, Sento Sé e Pilão Arcado. As águas da Barragem que sustenta a Hidrelétrica de Sobradinho, expulsou de suas terras e casas mais de 70 mil pessoas. Até hoje nenhuma delas foi indenizada pelo Estado Brasileiro. A Ditadura Militar em 1977, começa a construir mais um de seus projetos faraônicos e milionários.

Me lembro que a Diocese de Juazeiro da Bahia, organizou uma campanha no Brasil todo de solidariedade as vitimas da Usina e da Barragem. O companheiro Wilson Zanetti meu amigo, esteve lá em 1979, empunhando solidariedade aquele povo, que já sofria com a seca medonha e via toda uma vida sendo soterrada pelas águas.

Em 1977, Sá e Guarabira lançam que para mim é o melhor disco da dupla. Pirão de Peixe com Pimenta, abre com Sobradinho, canção denuncia daquela atrocidade dos Militares. O refrão tirado de Antônio Conselheiro é fantástico. Ouçam a canção: http://zip.net/bsl5Ln .

Sobradinho
O homem chega, já desfaz a natureza
Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar
O São Francisco lá pra cima da Bahia
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que dizia que o Sertão ia alagar
O sertão vai virar mar, dá no coração
O medo que algum dia o mar também vire sertão
Adeus Remanso, Casa Nova, Sento-Sé
Adeus Pilão Arcado vem o rio te engolir
Debaixo d'água lá se vai a vida inteira
Por cima da cachoeira o gaiola vai, vai subir
Vai ter barragem no salto do Sobradinho
E o povo vai-se embora com medo de se afogar.
Remanso, Casa Nova, Sento-Sé
Pilão Arcado, Sobradinho
Adeus, Adeus ...






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