segunda-feira, 9 de março de 2009

O SUINGE DE WILSON SIMONAL


O cantor francês Antoine, que se dizia torcedor do Flamengo, ensaiou cantar naquela noite alguns trechos, a então canção de despedida de Gilberto Gil, “Aquele Abraço”. Mas a multidão queria mesmo era Wilson Simonal. Simona, presidia o Júri Internacional daquele IV FIC- Festival Internacional da Canção- e sem titubear, atendeu ao chamado do povo, naquele Maracananzinho, palco de grandes emoções. Emoções não faltaram, quando com uma fita verde e amarela, amarrada na testa, Simonal, comandou no gogó, á capela, um coral de vinte mil pessoas, que foram ao ginásio acompanhar a final do Festival, naquele ano de 1969, o primeiro sob o AI5. Se alguém tinha dúvidas da popularidade de Wilson Simonal, as mesmas foram sanadas naquele dia. O coral humano, dispensava o acompanhamento instrumental e como um maestro de uma grande orquestra, Simonal, cantava: “Meu limão, meu limoeiro, meu pé de jacarandá”, e por aí foi.

Wilson Simonal, foi um dos maiores cantores da Musica Popular Brasileira do século XX, sobretudo durante toda a década de 60 até meados da de 70. Dono de uma voz afinadíssima e de um suingue digno de um cantor de Jazz e Soul Americano, Simona como era chamado, criou um estilo próprio de interpretar e até um movimento não organizado, a pilantragem, uma releitura, da musica da malandragem de Moreira da Silva e outros. Emplacou diversos sucessos: Mamãe Passou Açúcar em Mim, País Tropical e Meu Limão Meu Limoeiro, Sã Marina e muitas outras.

Mas morreu sem ter podido provar que nada teve a ver com as denuncias de que teria sido um delator á serviço da ditadura militar. As acusações feitas a época por um agente do DOPS, fez a carreira de Simonal, desabar. Discos ficaram nas prateleiras das lojas, Shows não lhe chamavam mais, artistas não queriam com ele fazer nada mais, as TVs não incluíam em sua programação. Este ostracismo foi quebrado, em duas ocasiões. A primeira em decorrência do lançamento em 1994, da Coletânea, A Bossa e o Balanço de Wilson Simonal, que fez um enorme sucesso e o recolocou na mídia novamente. A segunda foi conta de sua doença, que o levou ao falecimento em 26 de Junho de 2000.

Wilson Simonal, foi importante para a MPB. Primeiro porque mantem em um período onde os compositores passam a ser interpretes de suas canções, um dos poucos cantores do sexo masculino a ter preferência pelos autores. Segundo, que Simona n era do movimento de Bossa Nova, mas conseguiu impingir ao estilo, uma forma munida de arranjos vocais e instrumentais, que aliavam o Jazz, a Soul Music, o Samba e até o iê, iê. Esta composição, propiciou ao Simona, ser aceito por todas as tribos de nossa musica. Assim Simonal, se apresentava no Fino da Bossa, na Jovem Guarda, no programa do Chacrinha, nos Festivais e etc.

Não sei se as denuncias de caguetagem contra Wilson Simonal, são verídicas, pois seus advogados nunca encontraram nenhuma evidência nos arquivos que se tem acesso, bem como nenhum artista se apresentou até hoje, se dizendo vitima de sua deduragem. Simonal pode passar para a História como um dos maiores injustiçados, pela classe artística, pela imprensa e pelo governo.

No entanto, Simonal deixa para nós Brasileiros duas heranças, de suma importância. Sua música e seus filhos Wilson Simoninha e Max de Castro, que preservam em seus trabalhos, a alegria, o gingado e o profissionalismo do Pai.