domingo, 30 de março de 2014

MULHERES DE ATENAS

Li certa vez que a Grécia antiga, a primeira a falar de Democracia, tinha particularidades culturais, que fazem qualquer feminista ou qualquer discussão de gênero, concluir o machismo daquela sociedade e a submissão das Mulheres. A Grécia vivia em Guerras. Por isto o Guerreiro era tido como o Top daquele tempo. Viviam mais tempo guerreando do que em seus lares.

Para aqueles soldados, mais valia a eles uma relação com homens do que com Mulheres. A Sociedade Grega, cultuava a relação homo afetiva, ela dava status. Já as Mulheres, tinha papel secundário. Reprodutora, de preferência de Meninos, senhora do lar. Valiam menos do que um cavalo. Ficam em casa a espera de seus homens e prontas para servir.

Augusto Boal escreveu e montou a peça Mulheres de Atenas em 1976. Sua intenção era retratar a partir da mitologia grega o universo daquelas mulheres. Chico em parceria com Boal, fez este fado português com arranjos medievais, esbanjando no final de cada frase, as Helenas, Falenas, Cadenas, Atenas e por aí vai. Era o Chico redondilhas, como ficou famoso na época.

Os movimentos feministas caíram de pau em Francisco. O acusara de promover o Machismo, a submissão, a violência. Chico em entrevista na época, disse: Você não entenderam nada. O Mire-se no Exemplo, é para ser entendido como o contrario não façam e não sigam o exemplo das Atenienses.

Polêmica a parte, Mulheres de Atenas, é fantástica, na capacidade melódica, histórica e claro reflexiva, inclusive nos dias atuais. A canção esta no disco Caros Amigos de 1976.


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GENI E O ZEPELIM

Chico Buarque ao conceber o texto da peça a Ópera do Malandro em 1978, talvez não teria a dimensão de que os fatos ali narrados, são muito atuais. O personagem Duram um cafetão se envolve no mundo dos negócios escusos, naquele Brasil dos anos 40, do jogo do bicho, da contravenção, da prostituição e dos cassinos.

Transportado para os dias atuais, vamos nos deparar com o crime organizado, mantido por policiais, empresários e políticos corruptos. O crime organizado não é mais peça de ficção e sim realidade. A Ópera do Malandro teve direção de Luiz Carlos Martinez Corrêa e foi baseada na Ópera dos Mendigos e a Ópera dos Três vinténs.

Quando a música começou a tocar no rádio, ninguém percebeu que a Geni da Música não era uma Mulher. As pessoas só se aperceberam quando viram na peça se tratar de um Travesti.
Chico vai trabalhar na canção, o tema do preconceito á prostitutas e aos Homossexuais. Vai traçar o plano de uma cidade e suas elites em explorar e excluir os pobres e desvalidos da terra. Transformam-se quando o novo aparece na cidade, o senhor do Zepelim, tal como o Salvador, decidi destruir com todos. Porem seriam salvos se Geni aceita-se ser a dama da noite do Senhor.

Geni e o Zepelin coloca novamente a discussão de Gênero, incluindo os Gays neste universo. 
A trilha sonora do espetáculo foi lançada em 1977. O interessante a censura nada viu.

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FOLHETIM

Tratar de temas polêmicos, como Homossexualidade, Aborto e outros tem sido difícil e conflituoso nestes tempos de democracia. A resistência conservadora e moralista, bem como preconceituosa, rebaixa o debate e não faz avançar a sociedade no tema de defesa de que todos tem direitos, inclusive o de se prostituir e fazer disto uma profissão.

Agora imagine a dificuldade de oferecer temas como estes durante o regime militar. Os Militares eram moralistas ao extremo, utilizavam deste expediente para justificar suas atitudes e ações autoritárias e repressoras. É a concepção do militarismo que confunde disciplina com moral.

Folhetim foi composta para a peça Opera do Malandro, onde é trilha para um dos personagens. Ambientada nos anos 30, o roteiro conta a História de dois malandros e suas gangues em disputa, no submundo da contravenção, onde a Prostituição é um artigo comercializado.

Chico Buarque mais uma vez, escreveu pensando em uma interprete que desse delicadeza a canção. A letra navega pela História de uma Prostituta e seu dia de trabalho. Contada com ternura e viés poético acende sem dúvida, o debate sobre a profissionalização da atividade. Não poderia ser outra cantora a gravar esta linda canção, senão Gal Costa.

No LP gravado entre 1977 e 1978, é Nara Leão que empresta sua voz a Trilha do espetáculo.


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O MEU AMOR

Uma das cenas mais impactantes da peça a Opera do Malandro de Chico Buarque, é o duelo entre as personagens Teresinha e Lucia, pelo Amor do malandro Max Overseas. A primeira personalizada por Marieta Severo e a segunda por uma Elba Ramalho, jovenzinha, mas linda e já cantando como nunca.

O Meu Amor, tem a estrutura de um desafio, um repente nordestino. As duas atrizes dialogam cantando ou melhor brigam e ao mesmo tempo demonstram seu jeito de amar. Tudo isto na presença do Amante. A letra traz os argumentos das duas mulheres. Delicada como quase todas as canções de Chico sobre as Mulheres, a letra se torna sensual pacas.

A música aparece pela primeira vez no LP Chico Buarque de 1978, aquele da capa onde o compositor aparece atrás de uma samambaia.


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SONHOS SONHOS SÃO

Estava com um projeto de escrever um livro de ficção, sobre a História de minha cidade, lá pelo ano de 2007. Não consegui até hoje. Mas ao conversar com várias pessoas sobre o assunto, um destes papos ficou gravado. Foi com um Jornalista, que me indicou como laboratório para escrever a obra, o disco A Cidades, do Chico. Quando de seu lançamento, em 1998, ouvi o CD. Fiquei encantado.

Chico ficou sem gravar por vários anos. E aí aparece com um disco todo autoral, que chama a atenção já pela capa, onde vários Chicos são apresentados, travestidos com vestes típicas de varias nações. Na contra capa, é o indicio de que o disco, trabalha realidade com utopia. Imagens de locais reais, se confundem com locais imaginários. Meu amigo Jornalista, chamava a atenção para o que eu não tinha visto, nas audições do disco.

O imaginário na obra Buarquiana. Mas não como fantasia e sim como Utopia, possível. Fica claro em varias composições de Chico Buarque, sua predileção pelo Realismo Fantástico ou Mágico de um Garcia Marquez. A canção Sonhos, Sonhos São, traz o Narrador falando com seu Amor, e revela seus sonhos, em relação ao Mundo. Expõem a conjuntura de crise econômica da época, gerando fome e miséria no mundo e diz qual seu sonho. Metaforicamente, passeia entre a possibilidade da conquista amorosa e um mundo melhor, mais igualitário.

Chico apesar de utópico nesta canção não é otimista. Tanto que a ultima estrofe revela seu pessimismo (pelo menos naquele momento), de que Sonhos São, tanto em relação á melhora da humanidade, como na conquista da Mulher da letra.


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PEDAÇO DE MIM

Dia 15 de março minha mãe completariam 74 anos de vida. Seu falecimento, acometida de um câncer, nos fez ter um sentimento nos primeiros anos de perda de um pedaço do corpo. Como se mãe e filhos fossem uma única pessoa, constituída de todos os órgãos do corpo humano.

Chico Buarque, escreve nesta canção, este misto de dor, saudade, este arrancar, um nabo de carne, em especial o que nos mantem vivos. A perda na música, pode ser interpretada de varias formas e jeitos. A poesia Buarquiana e sua capacidade de construir metáforas, é genial.

Podemos olhar o contexto em que a obra foi feita e chegar a conclusão, que Chico fala dos filhos da Classe Média, mortos pela Ditadura Militar. Ainda o sentimento da morte de Zuzu Angel, dois anos antes. A estilista era muito amiga do compositor. Outra possibilidade, é a critica ao Regime, que tirou a Liberdade, a metade adorada de mim, como diz a letra.

Mais uma vez Chico, escreve com alma feminina, pois só as mulheres, tem a capacidade de enxergar uma perda desta forma, como se um pedaço do que foi gerado, fosse tirado, violentado, rasgado do útero. Pedaço de Mim, esta na Trilha de Opera do Malandro, mas foi lançada no disco do Chico Buarque de 1978.


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TERESINHA

Quem quando menina (meninos também), não brincou cantando: Terezinha de Jesus de uma queda foi ao chão, acudiram três cavaleiros, todos de chapéu na mão. A canção infantil, prossegue revelando quem são os cavaleiros. O primeiro o Pai, o segundo seu irmão e o terceiro, aquele que Tereza lhe deu a mão.

Tal qual estas quadras do cancioneiro infantil, Chico Buarque, que com certeza cresceu vendo suas irmãs, cantarem Terezinha, se inspirou para escrever esta valsa linda, singela e delicada, como pede as canções de amor.

A Teresinha de Chico foi feita, para personagem de mesmo nome da peça Ópera do Malandro. Filha de um deles se apaixona por um contraventor com fortes ligações com a policia. Um malandro, mulherengo que vai destruir o coração da menina frágil do espetáculo.

Mas Teresinha a canção, não apresenta uma mulher submissa, nem tão pouco fraca. Os amores passavam por sua vida, com suas Histórias e estratégias para conquista-la. Ela serena e decidida, avalia cada um deles. Descarta o que com dinheiro a quem comprar (o primeiro), igualmente diz não ao segundo que com violência e obsessão a tenta domar.

Mas foi terceiro, sem nada nos bolsos, afetuoso, carinhoso e participativo, sem promessas é que ela vai dizer sim. A canção aponta mais uma vez para questão de Gênero, da mulher como parte da sociedade, como gente em uma relação. Sai o objeto, e entra a Mulher.

Teresinha foi lançada no disco da Trilha Sonora da Ópera do Malandro, em 1977.


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COTIDIANO

Em 1971, a barra estava pesada no Brasil. O regime militar endureceu, o pau literalmente comeu. A censura estava muito mais cruel que no período anterior ao AI5. As denuncias de torturas, desaparecimentos, assassinatos eram frequentes, mesmo com a imprensa amordaça. O País vivia dias dúbios. Um País retratado na propaganda ufanista e de crescimento na telinha da globo. E o País real, da total falta de Liberdade e Democracia.

Chico Buarque voltava de seu exilio na Itália. Apesar de lá nascer sua primeira filha e ter tido uma produção artística, Chico sabia que enfrentaria o terror no Brasil e era aqui que deveria viver e claro cantar. A fase Lírica de Chico parece que já tinha chegado ao fim. Apesar de Você, que a Ditadura levou um tempo para descobrir que não se tratava de uma canção de Amor, alçava o compositor ao sucesso e novamente ao dialogo com o povo.

Chico vai adotar como forma de relação com seu público, a linguagem cifrada, simbólica e de metáforas. Precisava disto para driblar a censura e fazer com que sua mensagem fosse refletida e debatida. Usando e abusando da língua portuguesa, o compositor chegou muitas vezes a perfeição.

Cotidiano, este samba, pode ser interpretado de duas maneiras. A primeira como se lê. Trata-se do dia a dia de uma mulher e seu casamento. A narração é Masculina. A esposa dedicada, pronta desde as primeiras horas do dia a servir seu homem. A velha formula do casa, cama, mesa e banho. Aqui a questão de Gênero é explicita. A cultura da seleção natural, onde a mulher tem o papel de cuidar do marido, quanto a ele o de sustenta-la.

A segunda, mais metafórica ainda, pode denotar uma critica aqueles dias de chumbo. O companheiro tentando se comunicar com sua companheira. Transpor a ela suas angustias e medo e ela o acolhe, cuida e o orienta. Protege dos perigos, do mal, da exploração patronal, da policia. Aqui o papel da Mulher, com sua sensibilidade a flor da pele, capaz de promover o sossego do Homem, o recarregar as energias para enfrentar o Cotidiano.

Cotidiano, esta no LP Construção de 1971.


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sábado, 22 de março de 2014

ROSA DOS VENTOS

Rosa dos Ventos, é o nome que se dá a uma imagem que determina os quatro sentidos fundamentais e intermediários. Utilizado a séculos na Industria Náutica, foi usado e abusado, durante a era do Descobrimento e das Navegações pelos colonizadores das Américas e do Terceiro Mundo. Mas hoje ainda é utilizada pela moderna indústria Naval.  É por este desenho que se descobre o humor dos mares, Rios e sua relação com o vento e possibilidades de maremotos e outros.

Chico Buarque de Holanda vai escrever Rosa dos Ventos, em um contexto de endurecimento da Ditadura Militar. O AI5 de treze de Dezembro de 1968, mexe com a produção cultural e musical do compositor. Já no exilio na Itália Chico vivia as turras com a Gravadora e já não queria escrever o lírico poético. Primeiro rompeu com a RGE e assinou com a Philips. 
Recebeu um adiantamento e com o mesmo produtor dos dois primeiros discos, fez Chico Buarque nº.04. Segundo era 1969, porrada nos porões e censura pegando pesado. Chico anima-se e faz a mudança em sua obra.

O Disco quatro é a virada Buarquiana. A linguagem metafórica, começa a surgir, como recado de Protesto, contra a Ditadura Sanguinária. Rosa dos Ventos é a canção mais forte do disco. Com uma conotação feminina, ela aponta que os ventos, destroem o Amor e criam o medo. Mas a mesma Rosa vira o tempo, e traz mudanças e esperanças.

Rosa dos Ventos será o titulo de Álbum gravado ao Vivo por Maria Bethânia em 1971.


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ELA FAZ CINEMA

A arte imita a vida?. Creio que sim. Como dizia o velho Marx, nada se cria sem a matéria, o concreto. A História é o concretismo da vida, a matéria prima para o ser humano viver sua saga rumo a felicidade. Então a Arte usa a vida real como sua matéria prima, seu produto para criar ficção, magia e fantasia. Quantas Histórias, se são lendas ou não, viraram cinema, música.

O Amor é desta matéria que o criador de Arte se apropria. Um dos novelos mais utilizados pelas artes, é o Amor quase impossível. A distancia social é uma das mais exploradas. Já vimos, lemos e escutamos, através destas lentes, dos livros, dos palcos e dos discos, dramas, tragédias, mesmo comédias, colocando obstáculos entre um Homem e uma Mulher, em função do Status de um sobre o outro.

Chico Buarque toca nesta divisão de Classes Sociais, em Ela Faz Cinema. O narrador, pode ser um operário de fábrica, da construção civil, ou meramente um fã de uma Atriz de Cinema. Este Amor, não fica claro se tratar do Amor carnal, ou mesmo das fantasias de um admirador. Mas as diferenças sociais são nítidas. Esta Bossa Nova, também pode ser uma homenagem de Chico á duas das mulheres de sua vida. A Atriz Marieta Severo, mãe de suas três filhas e de Silvia sua filha mais velha também Atriz.

Rodeado de Atrizes, ele já tinha tocado no assunto em Beatriz feita com Edu Lobo, para o espetáculo Grande Circo Místico nos anos 80, Ela Faz Cinema, esta no disco Carioca de 2006. A canção vai inspirar o Argentino Alan Pauls, em um Conto “O Direito de Ler enquanto se Janta Sozinho”, de uma coletânea de contos baseada em obras de Chico Buarque de Holanda. A rede Globo em 2011, colocou no ar a Minissérie, O Amor em Quatro Atos, também baseada em canções do compositor. Ela Faz Cinema é o primeiro episódio.


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ATRÁS DA PORTA

Uma das primeiras canções feitas em parceria com Francis Hime. Eles vão fazer dezenas e quase todas sucesso. Esta segundo Chico Buarque começou a ser composta em Petrópolis. Francis lhe mostrou a melodia e ali mesmo ele já foi trabalhando a letra. Ocorre que se bebia muito naquele dia. Foi para casa tentar termina-la. Mas como várias de suas canções, fez Atrás da Porta, pensando em Elis Regina Interpretando, como já tinha feito isto, como Nara, Bethânia e outras.

Foi com Elis cantando os versos feitos que Chico Buarque terminou de vez, esta fantástica Canção. Caetano Veloso, ao assistir o Show Falso Brilhante de Elis Regina, escreveu um texto para o extinto Jornal O Pasquim, sobre a interpretação da Cantora. É como se a História de uma separação mal resolvida, teria sido realmente incorporada por Elis ao cantar olhando e chorando para seu marido Cesar Camargo Mariano que a acompanhava ao Piano.

Atrás da Porta, é exatamente mais uma faceta do entendimento de Chico sobre as Mulheres. Uma letra cuja separação é dor profunda, mistura um sentimento de vingança, mas depois traz para fora o Amor ainda existente e a vontade constante de prova-la ao seu ex parceiro. Mesmo na humilhação, a Mulher busca sensibilizar e não desistir. As Mulheres retratadas por Chico, são fortes mesmo na dor.

Elis Regina gravou a canção em 1972.


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O MEU GURI

Meu pai tinha um bar no inicio dos anos 70. Lá frequentava um garoto de uns 14 anos, negro, pobre, que morava com a mãe. O pai um desconhecido. Virava e mexia este garoto cujo apelido era Chouriço, sumia. Quando voltava, vinha todo arrebentado, dizendo que ficou pendurado no “Pau” de Arara dos Homi. Sua mãe toda vez, que a policia o levava, o procurava de delegacia em delegacia. Um dia ela nunca mais o procurou.

Chico nesta canção, adianta uma situação social da qual convivemos com muita maior intensidade nos dias atuais. A desigualdade social, agravada pela concentração de renda, cria os bolsões de miséria, locais propicio para o crime organizado, arregimentar seus soldados. Em 1981, ainda não tínhamos leis de proteção aos adolescentes, como o ECA.

Uma letra linda, onde uma mãe fala de seu filho, de forma que ele se transformou em um cidadão. Mãe é aquela cujo amor, transcende o caráter, a personalidade da pessoa. Mãe ama e pronto. Chico Buarque, apresenta um personagem feminino que em sua simplicidade e pobreza, imagina um mundo ideal ao seu Guri, mesmo que, sua realidade seja o contrario.

O Guri da música, trata-se de um garoto morto pelo sanguinário delegado do Dops Sergio Paranhos Fleury. A partir deste fato, surgiu o esquadrão da morte. Entidade para militar, clandestina e ilegal, que perseguia e matava, fazendo “justiça”, com as próprias mãos.

O Meu Guri, esta no LP Almanaque de 1981.


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MINHA HISTÓRIA

A singeleza na poesia de Chico Buarque, quando mergulha no Universo Feminino, nos me emociona, nos empolga a Amar mais e mais as Mulheres. Chico transporta para música, a magia feminina, a força de superar dores e dificuldades é maravilhosa nas letras do compositor.

Minha História é destas canções, narrada por um filho, muito parecida com a temática de O Meu Guri, feito anos mais tarde. Trata de uma realidade a qual convivemos até hoje. As desigualdades sociais, geram situações de miséria, fome e famílias desestruturadas. Convivemos com realidades, como a da música, que maridos abandonam sua família e cabe a mãe criar seus filhos.

Chico Buarque quando esteve exilado na Itália, conheceu o compositor Lucio Calla. Tornou-se seu amigo. Foi lá que ouviu e teve a ideia de fazer a versão de Gesú Bambino. Interpreto a referencia ao menino Jesus, a definição de identidade do Cristo, com milhares de crianças abandonadas a própria sorte, vivendo nas ruas e no Trafico de Drogas.

Não deixava Minha História, de fazer critica metafórica a Ditadura. Vivíamos os tempos eufóricos e mentirosos, do milagre econômico, do Brasil Ame ou Deixe-o. Na verdade os Militares colocavam em marcha uma politica cada vez mais de concentração de renda e com isto, a pirâmide social se formava, com mais de 80% da população formada por pobres.

Minha História, foi composta em 1970, ainda na Itália. Mas gravada no disco Construção de 1971.


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YOLANDA

Yolanda é uma canção de Amor, de um poeta a sua mulher e filho. O Cubano Pablo Milanes, do qual Chico Buarque se tornou amigo, fez a canção para sua esposa, que se chama Yolanda. Certa vez, o compositor precisou sair em viagem. Deixou a ilha de Cuba, com o coração apertado de saudades. Voltou já com letra e melodia, de uma das músicas mais gravadas e tocadas mundo afora de Milanes.

Chico, se sensibilizou com a História do amigo e fez a versão em Português. Não é mistério para ninguém a simpatia de Chico Buarque com o Socialismo em Cuba e com a cultura Cubana. A letra não só foi fiel aos sentimentos de Milanes no original, como nos faz viajar nesta canção de saudades e de declaração de Amor. Viajei muito por um tempo. Sei o que é este negócio de se viver longe de quem se ama.

Yolanda foi gravada no Disco Desejos de Simone de 1984. Uma versão com Chico e Simone cantando Juntos, esta em um Disco intitulado Duetos de 1984, onde Chico divide suas canções com vários interpretes.


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MORENA DE ANGOLA

Angola, foi colônia Portuguesa durante séculos. Sua identidade com o Brasil não se dá apenas na Língua. A dança, a música, as praias, e as mulheres nos aproximam em muito. Tenho curiosidade em conhecer aquele País Africano. Mas o que mais nos identifica, é as lutas daquele povo, que só conseguiu sua Independência em 1975. E até hoje vive uma Guerra Civil.

Chico Buarque, fez Morena de Angola a pedido da Cantora Mineira Clara Nunes. Clara foi convidada por Chico em 1978, a fazer uma viagem para Angola, participar com outros Artistas de vários Shows por todo o País. Lá Chico prometeu que faria uma canção a ela. A cantora estava finalizando seu disco Brasil Mestiço. Ao voltar ao Brasil Chico lhe enviou a canção. Clara Nunes gravou e fez um enorme sucesso.

Ao fazer a Turnê pelo País Africano, Chico visitou uma praia, de nome Morena e pode conhecer as danças Angolanas das quais as mulheres eram protagonistas. Animado com Clara na viagem, Morena de Angola se transforma também em uma homenagem a Clara. Porém as referências, a cultura, culinária e até a Guerra Civil Angolana estão na Letra.

Após esta Viagem, Clara Nunes despertou seu lado engajado politicamente, fazendo coro com os artistas contra o regime militar. Chico Buarque vai gravar Morena de Angola no disco Vida de 1980.


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sábado, 15 de março de 2014

FUTUROS AMANTES

Futuros Amantes gravada por Chico Buarque no Disco Paratodos de 1993, é a favorita entre nove de dez cantoras da MPB, uma das melhores canções de Chico. Esta balada Cool, passeia pelo Jazz das Big Bands e revisita a bossa nova nos arranjos melódicos.

É 100% carioca, pois faz referências a natureza do Rio de Janeiro, com sua magia de cenário que faz o amor ou a procura dele uma constante na vida das pessoas. Ao contrario de São Paulo, o Rio traz condições propicias para se amar, a vida não se apresenta tão corrida e tão atropelada como a capital paulista.

Mais uma vez, Chico Buarque escreve com a alma feminina. Descreve o sentimento do narrador (uma mulher), de que o Amor é descoberto, tal os escafandristas em uma cidade submersa. Não há pressa no descobrimento de tesouros. O Amor não pode vir apressado. 
Ele é delicado, terno, cumplice. Só a Mulher é capaz de fazer florescer este sentimento, esta percepção.


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LUÍSA

Chico Buarque de Holanda, sempre afirmou que usa critérios, para fazer suas canções. A começar pelo tema, costuma pensar em quem vai interpreta-la ou mesmo decide aleatoriamente. Ou quando a canção é de encomenda. Só para citar algumas: folhetim foi pensada em Gal Costa, Olhos nos Olhos em Bethânia.

Raramente as musicas são homenagens pré pensadas. Fez isto em Zuzu Angel e também nesta Luísa. A letra é uma homenagem a duas Luísas. Sua filha e de Francis Hime, seu parceiro nesta obra, mais uma vez de Ode não só a filhos, mas as mulheres.

Luísa, é daquelas canções delicadas de Chico. A letra combina com a melodia de Francis, suave. Uma declaração de que o Pai é capaz de tudo por um filho, até vestir-se de palhaço. Luísa foi gravada no disco Passaredo de Francis Hime de 1979.


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VOCÊ, VOCÊ

A relação de meu netinho Pietro com sua mãe Ruani, minha filha, é umbilical, carnal quase. Saiu do útero dela, mas a metade dela, o tempo todo. Tenho isto claro porque acompanho este quadro, todo o tempo, diariamente. A reciprocidade entre rebento e geradora, transborda afeto, carinho e claro proteção. Penso ser assim com todas as mães e filhinhos.

Esta balada de Guinga, só podia ter a letra de um avô, atento, presente como Chico Buarque. A canção foi concebida, como sempre são as obras de Francisco, a partir de coisas e fatos simples da vida. Uma de suas filhas ao deixar o netinho aos seus cuidados, fez com que o universo feminino do poeta aflorasse mais uma vez.

O narrador, o Bebê, se pergunta. A que horas você volta?. A ausência materna, como elemento forte e decisivo, para a segurança e a certeza do carinho. Uma canção Edipiana, repleta de singela e claro a delicadeza nos versos. O cuidado Buarquiano de não tratar assuntos como este no duplo sentido.

Você, Você, a parceria com o grande Guinga, esta no LP As Cidades de 1998.

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ANGÉLICA

Uma das canções mais delicadas que Chico Buarque de Holanda, já fez em sua carreira. Em parceria com Miltinho do MPB4, Chico faz uma homenagem a estilista Zuzu Angel, morta pelo Regime Militar em 1976. Zuzu uma mulher típica de classe média, bem sucedida em sua carreira, após o desaparecimento de seu filho Stuart Angel, larga o conforto de seu lar e glamour e empreende uma das lutas mais fantásticas contra o regime dos Generais.

Stuart entra para a luta armada e clandestina. É preso pelos órgãos de repressão, torturado e morto. Desde que sumiu, Zuzu não descansou para primeiro achar o seu filhinho como ela o chamava, depois para denunciar a órgãos Internacionais o terror da Ditadura. Utilizou-se de seu prestigio Internacional, a ponto de apresentar uma coleção com cores escuras, as modelos com correntes nos pés e uma mordaça na boca, em Paris.

Chico conheceu esta extraordinária mulher, como ele mesmo se refere a ela. Segundo ele, Zuzu frequentava sua casa, buscava apoio a sua luta de saber onde e porque seu filho tinha desaparecido. Em 2006, o cineasta Sergio Resende, conta esta luta no filme homônimo, onde termina com Chico cantando Angélica.

A letra com quatro estrofes, traz o dialogo do Narrador (com certeza Chico), com Zuzu, ao perguntar de forma afirmativa, quem é essa mulher batalhadora. Ao mesmo tempo se dirige a primeira pessoa, como se Zuzu estivesse conversando com seu filhinho. Angélica, sinônimo de Anjo, como o poeta a define.

Angélica foi composta em 1977, mas foi gravada para o LP Almanaque de 1981.


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MORENA DOS OLHOS D’ÁGUA

Aprendi com minha mãe que a alma, aquilo que não vê e não se encontra no corpo humano, esta na verdade nos olhos. Ela me dizia, os olhos dizem muita coisa, sobre o que as pessoas são na verdade. Fico sempre a pensar neste ensinamento de minha mãe. Ela tem toda a razão. São nossos olhos, catalizadores e transmissores de sentimentos. Por isto algumas pessoas tem dificuldades (inconsciente ou não), de conversar olho no olho. Eles dizem muito.

Chico em sua obra a varias canções em que usa e abusa dos Olhos como tema. Olho nos Olhos, Carolina, são uma destas em que o compositor expõem o olhar como central para contar uma História através da Música. Ele delineia personalidades, atitudes, tendo as lentes dos olhos como porta voz ou cartão de visita de uma pessoa. Os olhos servem para observar. Nas letras de chico atravessam fronteiras, vaticinam uma relação amorosa, denunciam uma ditadura.

Morena dos Olhos D’Água, foi gravada no segundo disco de Chico em 1966. Era a fase lírica do poeta. Com três personagens, a Morena, o pescador ou marinheiro seu amor e o narrador o próprio Chico, demonstra a linguagem metafórica que ainda não tinha florescido, mas que já estava embutida na obra. A tristeza da Morena, olhando para o mar, talvez o duplo sentido, de um Amor distante ou um mundo cheio de amarguras. São os olhos dela que chamam a atenção dos outros personagens.


Link do Vídeo: http://zip.net/brmNwr .

segunda-feira, 10 de março de 2014

ANA DE AMSTERDÃ

Chico e o Cineasta Rui Guerra, moçambicano de nascimento, fizeram varias parcerias. Mas a mais significa foi o texto Calabar: O Elogio da Traição. Chico inicia nesta época, inicio dos anos 70, a escrever por metáforas, para driblar a terrível censura da ditadura militar. Foi assim com Calabar. Mas deu certo. Os Militares tesouraram a montagem do texto para Teatro com o único argumento o CALABAR, para eles o cifrado de cala boca.

Até pode ser que a ideia fosse esta. Mas Calabar é o sobrenome do Português Domingos Fernandes, que traiu a coroa Portuguesa e se juntou aos Holandeses que aqui se portaram no século XVII. Os Holandeses perderam e deixaram o País. Calabar preso, torturado e morto pelos Portugueses. 

Sem dúvida a peça é um recado direto aos Militares e sua traição ao País, quando vilipendiaram a Democracia e a Liberdade. O espetáculo, o disco, foram censurados em 1974 e só liberado em 1980. Mesmo assim Chico gravou a canção no disco que fez com Caetano gravado ao vivo em 1972.

Ana é uma prostituta das docas do Recife ocupado pelos Holandeses. Vivi desta profissão. Dorme com todos e todas. Sofre toda sorte de violência. Chico Buarque e o tema da Mulher objeto, vitima do machismo, massificada como artigo de sexo. Na peça Ana de Amsterdã, protagonizara uma cena de Amor com Barbara, que Chico também fará uma canção.

Link da Canção: http://zip.net/brmKX1


BARBARA

Mais uma canção, cujo é tema é o Homossexualismo ou mais exatamente o lesbianismo. A Ditadura Militar desenvolvia um Moralismo Católico Conservador e extremamente hipócrita. Ao mesmo tempo que condenava, o sexo entre iguais, torturava e matava nos quartéis, transgredindo um dos mandamentos: não matarás.

Chico Buarque e Ruy Guerra, foram a pedra no sapato do General Médici e seus Censores. Calabar, o Elogio da Traição, a peça, trazia uma trilha sonora, que o tempo todo sacudia estas bases moralistas e políticas. A ponto do disco ter sofrido vários cortes nas letras e o espetáculo ter sido censurado e só liberado seis depois.

Bárbara, é a personagem feminina que se apaixona por Calabar. Mas nas idas e vindas, vai ter um caso com a prostituta Ana de Amsterdã. Chico escreve uma letra sensível, com cenas claras de sexo entre as duas. A canção é cortada por diálogos, entre as mulheres. Caricias são reveladas. Afeto é distribuído e Erotismo escancarado. Uma canção linda cheia de malicias e alegria.

Bárbara, sofreu um ordem da Censura: Este trecho “ E mergulhar no poço escuro de nós duas”, foi na gravação abafado por aplausos.


Link da Canção: http://zip.net/bkmKLn .

CALA A BOCA, BÁRBARA

Calabar, o Elogio da Traição, teve varias motivações, inspirações e até homenagens. Uma delas é a personagem Bárbara. Uma índia, moradora do Recife se apaixona por Calabar. Na verdade Chico Buarque de Holanda e Ruy Guerra, prestam uma honraria, ao Guerrilheiro Carlos Lamarca e sua companheira Iara Iavelberg.

Lamarca desertor do Exército, se envolve na Guerrilha contra a Ditadura, conhece e Iara e ela vai se transformar em sua cara metade até a morte de ambos em 1971. Cala Boca, Bárbara, mostra que uma relação de Amor, extrapola a relação marido e mulher.

Barbara faz uma ode aos seu amado. Relembra que sua cumplicidade não se dá apenas na cama, mas na luta contra o opressor, o ditador de plantão. Os versos denotam de uma poesia profunda, mostram uma mulher longe de ser submissa, participativa, comprometida com a luta de seu companheiro, que também era a sua. A delicadeza é toda presente na letra, extrapola no refrão.

E aí Chico, coloca a repressão como algoz do Amor. O Cala Boca, Barbara do refrão, é a mão pesada da Ditadura que matou e calou Lamarca e Iara. Esta música me faz identificar com o Capitão e sua Amada. Quando penso em minha relação de vinte e quatro anos, com a Nadir, percebo que o Amor é um elixir Revolucionário.


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CAROLINA

O que é o passado? Para que ele serve?. Um sentimento nostálgico, atravancar a modernidade?. A História é presente ou é dialética, o acumulo do passado?. A Nostalgia deve ser necessariamente triste e criar um sentimento de apatia e paralisia?.

A canção Carolina de Chico Buarque, nos remete a responder a estas questões. Outra delas é porque o personagem melancólico é uma mulher?. E porque ver a vida pela Janela?. Chico em sua fase lírica e nostálgica, trabalha a linguagem da metáfora. Tempos duros de ditadura e saudades da Democracia?. A moça, um símbolo da submissão feminina?. A Janela o confinamento de um tempo que não volta mais?.

Perguntas, que esquentam o debate sobre o Chico que ainda se descobria, mas que estava preso ao Samba Canção e os primeiros tempos da Bossa. Tanto que os Tropicalistas não pouparam criticas na época. Caetano até gravou a música, de forma debochada. Carolina fecha o ciclo de um Chico Lírico e que a partir de então se abre para novos horizontes. Mas o Universo Feminino esta incutido nela.

Há quem diga que Chico Buarque não gosta muito desta canção. Em 1967, ele teve uma pendenga com a Globo. Já critico da Televisão como veiculo de alienação de massas, Chico rompeu um contrato de fazer um programa na emissora, bem como de pagar a multa por isto. 
Aí a Globo, lhe propôs inscrever uma canção no II Festival Internacional da Canção. Segundo o autor, a concebeu dentro de um avião.

Carolina, ficou em terceiro Lugar naquele FIC e foi defendida pelas irmãs Cibely e Cinara. Foi grava no LP Chico Buarque Vol.3 de 1967.

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GOTA D’AGUA

A sociedade Grega dos tempos antigos, era patriarcal e machista. As mulheres eram menores que os animais. Sua função era apenas a reprodução, para alimentar a terra de soldados para a Guerra. No entanto a mitologia, subvertia a ordem, e criava personagens femininas decisivas no contexto Histórico. Helena de Tróia é um dos exemplos.

Gota D’Agua, o espetáculo Teatral é uma adaptação de um destes mitos gregos. Conta a tragédia de Medeia, que mata os filhos e se suicida após descobrir que seu amado, o Guerreiro Jasão, tinha uma amante. Como toda boa tragédia grega, a dramaticidade e a dor se espalha durante o texto, mas mostra uma mulher que comete os crimes para se vingar de seu marido.

Chico Buarque e Paulo Pontes, vão transformar a Tragédia de Medeia, em um drama Brasileiro. A linguagem cifrada e metafórica, esta embutida do começo ao fim do texto. O objetivo era atingir a Ditadura Militar, transbordar o fim da paciência, com a repressão. Joana a Medeia do texto, mulher sofrida do subúrbio do Rio de Janeiro, vê sua vida despencar quando é trocada por uma mulher rica e seu marido a abandona.

A solução de morte, tem duplo sentido no texto. A primeira a do assassinato e do suicídio, como um caso passional. A segunda, o recado real dos autores, é a critica política e social do texto. A Música que vai se destacar, é a do titulo do espetáculo. A estrofe final é um aviso aos Ditadores: “ Deixe em paz meu coração, que ele é um pote até aqui de mágoa. E qualquer desatenção, faça não, pode ser a Gota D’Agua”.

Gota D’Agua, esta no disco da Trilha, de 1975, onde Bibi Ferreira, a Joana, a Interpreta. Mas Simone e Maria Bethânia irão popularizar a canção.


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OLHOS NOS OLHOS

Olhos nos Olhos, é uma canção, mais uma do cancioneiro Buarquiano, que vai fundo nos sentimentos e na alma feminina. Já na primeira estrofe, a mulher narradora, ao ser rejeitada por seu amante, admite a dor, mas como sempre fez obedece. Chico traduz nestes primeiros versos, o habitual cultural da mulher Brasileira, a submissão.

Mas a partir da segunda estrofe, a mulher antes dominada, da a volta por cima, cura as feridas e se apresenta renovada, pronta para enfrentar as dores do mundo, inclusive a volta do amante que a abandonou. A narradora trabalha esta retomada de vida, não como vingança, mas como afirmação de que viver é preciso e amar, uma duas vezes ou mais também.

Olhos nos Olhos foram feitos para Maria Bethânia interpretar. Chico conta que o fato, dizendo que ao escrever uma canção para Teatro ou Cinema, sempre pensava na Atriz ou Ator que interpretaria tal personagem, cuja música teria que fazer. Olhos não foi feito por encomenda, mas o caráter dramático da canção, só podia ser pensada em Bethânia.

A Música, esta no disco Caros Amigos de 1975.


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