sábado, 22 de março de 2014

O MEU GURI

Meu pai tinha um bar no inicio dos anos 70. Lá frequentava um garoto de uns 14 anos, negro, pobre, que morava com a mãe. O pai um desconhecido. Virava e mexia este garoto cujo apelido era Chouriço, sumia. Quando voltava, vinha todo arrebentado, dizendo que ficou pendurado no “Pau” de Arara dos Homi. Sua mãe toda vez, que a policia o levava, o procurava de delegacia em delegacia. Um dia ela nunca mais o procurou.

Chico nesta canção, adianta uma situação social da qual convivemos com muita maior intensidade nos dias atuais. A desigualdade social, agravada pela concentração de renda, cria os bolsões de miséria, locais propicio para o crime organizado, arregimentar seus soldados. Em 1981, ainda não tínhamos leis de proteção aos adolescentes, como o ECA.

Uma letra linda, onde uma mãe fala de seu filho, de forma que ele se transformou em um cidadão. Mãe é aquela cujo amor, transcende o caráter, a personalidade da pessoa. Mãe ama e pronto. Chico Buarque, apresenta um personagem feminino que em sua simplicidade e pobreza, imagina um mundo ideal ao seu Guri, mesmo que, sua realidade seja o contrario.

O Guri da música, trata-se de um garoto morto pelo sanguinário delegado do Dops Sergio Paranhos Fleury. A partir deste fato, surgiu o esquadrão da morte. Entidade para militar, clandestina e ilegal, que perseguia e matava, fazendo “justiça”, com as próprias mãos.

O Meu Guri, esta no LP Almanaque de 1981.


Link do Vídeo: http://zip.net/bmmRJy .

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