sábado, 14 de setembro de 2013

INTUIÇÃO

Oswaldo Montenegro é daqueles artistas, que uns gostam, outros são indiferentes á sua obra. Nunca encontrei alguém que dissesse não gosto, ou ele é ruim. Á quem diga que suas canções são cansativas, enjoativas, sempre a mesma toada. Ora o Legião Urbana, tocava suas canções com três acordes, os Ramones idem, nem por isto deixaram de ser criativos e brilhantes. Me identifiquei com Oswaldo desde que o compositor apareceu na mídia. A primeira canção que ouvi, foi Bandolins, no Festival da Tupi.

Foi apatia no primeiro contato. Busquei informações sobre o cara, sua obra. Naquele tempo, dividia com meu grupo de Jovens da Igreja Católica, as preferências culturais. Oswaldo Montenegro foi uma delas. Seu estilo Trovador da Idade Média, com mistura de instrumentos, como o próprio Bandolim, a Flauta Transversal, com sua voz aguda e ao mesmo tempo serena me conquistou. As letras com uma linha típica dos anos 70, do lema Paz e Amor, sempre foram motivo para reflexão acompanhado de um bom vinho e uma companhia agradável.

Mas o primeiro, disco do cara, que pude ouvir inteiro, foi o Álbum, Oswaldo Montenegro de 1980. O adquiri um ano depois. Um disco delicioso, que não da para destacar, esta ou aquela música, como a melhor. Já de cara, ouvi uma dez vezes o LP inteiro. Na capa o próprio cantor com seu violão. Quando o disco saiu, Oswaldo ainda não tinha participado do Festival MPB Shell da Rede Globo. Quando venceu aquele certame com Agonia, a gravadora reeditou o disco com a canção entre as faixas e destaque na capa. Ouça e veja aqui Agonia do parceiro de Oswaldo, Mongol: http://migre.me/g5AQR .

O disco tem um desfile de canções que falam de Amor, Juventude, Brasília, dos Hippies. Musicas que denunciam a ditadura, em uma linguagem lírica, não tanto militante. Os arranjos são feitos pelo próprio Oswaldo, com o auxilio de sua mulher a época, a instrumentista Madalena Salles. Alias Madalena é citada em varias letras de Oswaldo Montenegro, entre elas Pra Longe de Paranoá. Músicos de primeira participam do disco, além é claro de parceiros e amigos, como Zé Alexandre, que dividiu com ele a interpretação de Bandolins e Mongol.

Mas apesar de gostar da obra toda, tem uma canção que me chama mais a atenção. Daquelas que gostaria de ter feito. Intuição pode ser encarada com daquelas músicas que você trabalha para motivar um grupo de trabalho ou estudo. Daquelas que você escuta quando precisa sacudir a poeira e dar volta por cima. O trecho “Canto uma canção que aguente esta paulada e a gente bate o pé no chão”, é significativo, deste olhar que a canção oferece. Esperança, tendo o canto como um elixir para esta busca constante. É sempre bom lembrar que Intuição, foi escrita ainda na Ditadura. Click e veja esta obra prima: http://migre.me/g5AXB .

Intuição
Canto uma canção bonita,
Falando da vida, em 'Ré maior'.
Canto uma canção daquela
De filosofia,
Do mundo bem melhor.
Canto uma canção que agüente
Essa paulada, e a gente
Bate o pé no chão.
Canto uma canção daquela
Pula da janela
Bate o pé no chão.
Sem o compromisso estreito
De falar perfeito,
Coerente ou não.
Sem o verso estilizado,
O verso emocionado
Bate o pé no chão...
Canto uma canção bonita
Falando da vida, em 'Ré maior'.
Canto uma canção daquelas
De filosofia,
E mundo bem melhor
Canta uma canção que agüente
Essa paulada, e a gente
Bate o pé no chão.
Canto uma canção daquela
Pula da janela
Bate o pé no chão.
Sem o compromisso estreito
De falar perfeito,
Coerente ou não.
Sem o verso estilizado,
O verso emocionado
Bate o pé no chão...
Canto o que não silencia
É onde principia a intuição
E nasce uma canção rimada
Da voz arrancada
Ao nosso coração
Como, sem licença, o sol
Rompe a barra da noite
Sem pedir perdão!
Hoje quem não cantaria
Grita a poesia
E bate o pé no chão!
E hoje quem não cantaria
Grita a poesia
E bate o pé no chão!
Sem o compromisso estreito
De falar perfeito,
Bate o pé no chão
Sem o verso estilizado,
O verso emocionado
Bate o pé no chão...
Canto uma canção bonita
Falando da vida, em 'Ré maior'.
Canto uma canção daquela
De filosofia,
Do mundo bem melhor.
Canto uma canção que agüente
Essa paulada, e a gente
Bate o pé no chão.
E hoje quem não cantaria
Grita a poesia.
Bate o pé no chão...



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