segunda-feira, 9 de setembro de 2013

GALOPE

Não assisti, o filme de qualidade Globo, De Pai para Filho, que foi mini serie da emissora e depois para telona. Não vi por dois motivos: preguiça de ver algo produzido pela globo, quando o tema é uma biografia. Segundo má vontade, com a globo, porque ele distorce Histórias, faz de acordo com seu editorial ideológico. Fez isto, com Olga, com Cazuza e tantos outros. Aí procuro evitar as produções globais, pelo menos no cinema. Nas telenovelas eles são show. Contraditório né, dialético não é fácil.

O fato também, é que Gonzagão e Gonzaguinha, representaram na vida, a negação e ao mesmo tempo a síntese dialética. O Rei do Baião fez escola. Introduziu no sudeste maravilha, o som do Nordeste, o Baião o xote, o forró. Seu som influenciou não só há muitos tocarem sanfona, mas mostraram ao mundo o Nordestino e sua sina, a seca, a fome e os Coronéis.

O filho fruto de um caso do Rei do Baião com uma cantora e dançarina de boates do Rio de Janeiro, também fez escola. O samba, o Baião e a Bossa Nova, misturada a uma linguagem que também denunciava as agruras do Capitalismo e em especial a Ditadura Militar. Mas no que eles divergiam. O primeiro era de Direita, via nos Coronéis os únicos capazes de cuidar dos Sertanejos, queria manter os pobres comendo, mas não libertos, O segundo, de esquerda, queria Revolução, destruir o sistema, queria Liberdade e Paz.

Gosto musicalmente dos dois e não tenho nenhum rancor do velho Lua. Penso que era um equivocado, um humanista. Alguém que não via saída para os pobres, e então melhor o remendo. Gonzaga Jr., um de meus ídolos, iniciou disputando Festivais e sempre com canções de Protesto. Foi perseguido pela Ditadura e sua Censura as Artes. O Dops no calcanhar, tendo que se apresentar constantemente e a Dona Solange, como intitulava Tom Zé a Censura, cortou 54 canções de Gonzaguinha.

Revolucionou o mundo das Artes. Em 1975, dispensou empresário, é um dos fundadores da SOMBRAS, entidade de defesa dos Direitos Autorais e foi um dos primeiros Artistas a serem independentes de grandes gravadoras. Fundou seu próprio selo MOLEQUE. Gravou 18 discos na carreira. Teve vários sucessos seus gravados por Maria Bethânia (Explode Coração), Simone (Sangrando), Elis Regina (Redescobrir), Fagner (Guerreiro Menino) entre tantos.

Galope, encontrei uma fitinha cassete, nos idos de 1977. Era uma coletânea de MPB. A Gravação é do extraordinário MPB4. Mas a canção esta no segundo LP de Gonzaguinha, Luiz Gonzaga Júnior de 1974. Uma música que une o ritmo do sul maravilha com raízes nordestinas. Uma letra em homenagem ao Baião, mas que narra a História de um cabra (Cangaceiro ou sertanejo), linguagem cifrada, uma das primeiras criticas ao regime. Clic aqui e ouça a versão com o MPB4: http://migre.me/g18CY .

Galope
O galope só e bom quando é a beira mar
O galope só é bom quando se pode amar
Esse mote só é bom bem livre de cantar
Falar em morte só e bom quando é pra banda de lá
É sacode a poeira
Imbalança, imbalança, imbalança, imbalança
Casa de ferreiro, espeto de pau
Quem não engole espinha nunca vai se dar mal
Quem não dança minha dança é melhor nem chegar
Se puxou do punhal tem que sangrar
Tem que sangrar tem que sangrar
É sacode a poeira
Imbalança, imbalança, imbalança, imbalança bis
Me dê um cadinho de cachaça...
Me aqueça, me aperte, me abraça...
Depressa, correndo, vem ligeiro
Me dê teu perfume, dê um cheiro
Encoste em meu peito o coração
Vamos mostrar pr´esses cabras como se dança um baião
E quem quiser aprender é melhor prestar atenção
É sacode a poeira
Imbalança, imbalança, imbalança, imbalança bis
Deixa essa criança chorar, deixa essas criança chorar
Não adianta cara feia, nem adianta se zangar
Que ela só vai para quando essa fome passar
... e doutor,uma esmola a um pobre que é são
Ou lhe mata a vergonha, ou vicia o cidadão
É sacode a poeira
Imbalança, imbalança, imbalança, imbalança



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